"Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude." (Tancredi)
Nono número da série, crédito da imagem aqui. Falei-vos em fractura social no último número. Vamos a ver se consigo inscrever Marikana na fractura social (neo-apartheid, como propõe o artigo mais abaixo citado na adenda) da actual África do Sul. Densamente construída sob linhas raciais e étnicas pela ideologia, pelo preconceito e pela discriminação, a África do Sul viu chegar o término formal do apartheid com a esperança de um futuro diferente ancorado em Nelson Mandela, um futuro solidário, digamos que um futuro desracializado. Porém, os gestores do antigo apartheid esperaram que Mandela, sua ex-vítima e eleito chefe de Estado em 1994, mantivesse as relações sociais anteriores sob a roupagem de um Estado formalmente dirigido pelo ANC e ritmado pela acção afirmativa compensadora que pudesse reger a manutenção sedativa do proletariado e do subproletariado baratos e inquietos dos townships, dos bantustões e dos acampamentos mineiros. Por outras palavras, tratava-se de tudo mudar para que nada mudasse.Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Cicatrizes custam a sair mas também os ganhos do sistema apagam memórias tristes para certa camada promovida.
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