10 março 2012

Cólera

Segundo a "Rádio Mocambique" no seu noticiário das 19:30 de ontem, em edição dirigida por Boaventura Mandlate, a epidemia da cólera na província de Cabo Delgado deu origem ao que é habitual, ano após ano, chamar-se "onda de desinformação".  Em várias comunidades da província acredita-se que a cólera chega em sacos plásticos e tem o governo como autor. O presidente do município de Pemba afirmou que jamais o governo poderia matar a população, já que precisa dela, precisa de quem paga impostos, etc. Por isso é preciso não fazer fé nos desinformadores - acrescentou.
Observação: este é um fenómeno que se tornou endémico. Teremos de ter a coragem de cavar mais fundo e de procurar saber por que razão ou por que razões as pessoas acreditam no que acreditam apesar das campanhas permanentes de sensibilização. Recorde neste diário uma postagem em dez números intitulada Da cólera nosológica à cólera social, aqui. E, se puder, tente ler um livro com a capa abaixo:

4 comentários:

Salvador Langa disse...

Só faltou juntar a Renamo aos "desinformadores" para tudo ficar "explicado".

Marta disse...

A tese tal como aparece é politicamente conveniente...

TaCuba disse...

Ele é um problema muito complicado e eu penso que também é importante saber porquê as campanhas de sensibilização fracassam...

nachingweya disse...

Como é que uma pessoa com sotaque makonde ou macua pronuncia a palavra CLORO? E a palavra CÓLERA?
Por hipótese, imaginemos que a pessoa com tal sotaque pronuncie KHOLERA tanto para dizer cloro como para se referir a cólera.
Então, algumas vezes a população recebe pessoas que vêm tratar as suas fontes de água com KHOLERA e quando um membro da comunidade adoece, no hospital é explicado à população de que o seu ente padece de KHOLERA (ou morreu de KHOLERA). Não é suficientemente confuso que se morra de um mal que tem o nome do seu tratamento preventivo?
Para mim a desinformação decorre da semelhança fonética que se cria ao se pronunciarem as palavras CLORO e CÓLERA sob influência de determinado sotaque.
E nem parece poder ocorrer aproveitamento político nisso.
Solução? Parece-me simples: Abdicar do termo CLORO nas campanhas de sensibilização contra a CÓLERA;adoptar nomes comerciais desse produto químico tal como CERTEZA (passe a publicidade), etc.