A propósito do programado início hoje da obrigatoriedade de apresentação do certificado de inspecção das viaturas com mais de cinco anos de vida e dos reboques, o "Diário de notícias" tem uma peça com o antetítulo Inspecções de viaturas e o título pirotécnico Chapeiros ameaçam incendiar Maputo e Matola. Por sua vez, o "Expresso" observa em comentário de Salvador Raimundo que, afinal, o prazo de inspecção foi prolongado (sem se saber até quando), decisão que, segundo o jornalista, não espanta, posição, ainda, que um comunicado do Instituto Nacional de Viação (INAV), citado pelo "Notícias", corrobora.
Aqui temos um fascinante e denso campo de estudo da luta estratégica com recursos de poder. Os chapeiros (donos e chapas em mau estado mecânico poderiam um dia constituir tema de uma bela pesquisa), nada interessados em inspecções mecânicas, podem efectivamente paralisar Maputo e Matola, dada a ineficiência estatal em assegurar aos cidadãos transporte sistemático e digno. Por saberem isso, forçam o governo a recuar. Ao mesmo tempo, certos controladores de trânsito (digamos desta forma eufemística) ficam felizes porque podem usar o fala como homem para cobrar impostos subterrâneos aos chapeiros que conduzem viaturas em mau estado mecânico. Finalmente, o Estado (lá onde potencialmente também existem proprietários de chapas), em mais um aparente exercício de ordena/desordena (este campo turbulento de sístole/diástole decisional merece pesquisa), recua estatalmente para (1) não pôr em causa a direcção política do partido que o dirige e (2) exibir o trunfo da face indulgente do pai sempre compreensivo ("Condutores nada devem temer", assegura o INAV).
Afinal, neste triângulo das Bermudas nenhum barco irá naufragar.
Terminando, recomendo a leitura de uma série minha em sete números intitulada Acidentes de viação e ganhometria, aqui.
Aqui temos um fascinante e denso campo de estudo da luta estratégica com recursos de poder. Os chapeiros (donos e chapas em mau estado mecânico poderiam um dia constituir tema de uma bela pesquisa), nada interessados em inspecções mecânicas, podem efectivamente paralisar Maputo e Matola, dada a ineficiência estatal em assegurar aos cidadãos transporte sistemático e digno. Por saberem isso, forçam o governo a recuar. Ao mesmo tempo, certos controladores de trânsito (digamos desta forma eufemística) ficam felizes porque podem usar o fala como homem para cobrar impostos subterrâneos aos chapeiros que conduzem viaturas em mau estado mecânico. Finalmente, o Estado (lá onde potencialmente também existem proprietários de chapas), em mais um aparente exercício de ordena/desordena (este campo turbulento de sístole/diástole decisional merece pesquisa), recua estatalmente para (1) não pôr em causa a direcção política do partido que o dirige e (2) exibir o trunfo da face indulgente do pai sempre compreensivo ("Condutores nada devem temer", assegura o INAV).
Afinal, neste triângulo das Bermudas nenhum barco irá naufragar.
Terminando, recomendo a leitura de uma série minha em sete números intitulada Acidentes de viação e ganhometria, aqui.
5 comentários:
Pois é, estamos toxico-dependentes de dizer uma coisa e amanhã outra.
Chapas andarão como estão, salve-se quem puder...
Bradas, a malta engole tudo.
Parece que os chapeiros estao a ganhar musculacao cada dia que passa. Foi por causa deles que ps precos de combustivel freiaram, foi por causa deles que hove subsidios e agora por causa deles a inspenccao.....aleluia
Tudo isto nao passa de uma grande trapalhada. Ler (outro) brilhante editorial do SAVANA desta semana para compreendermos porque...
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