É tão importante estudar a morfologia da manifestações populares quão a morfologia das manifestações discursivas. A este segundo nível, há os manifestantes que entendem que tudo tem a ver com falta de comida, se houver comida reinará a paz (acrescento: como no "rebanho dócil e agradecido" dos Irmãos Karamozov de Dostoievsky). Para outros manifestantes, o problema tem a ver com falta de liberdade, se liberdade houver ninguém irá para as ruas protestar. Para um terceiro grupo, tudo é causado pelos preços dos produtos de primeira necessidade. É possível multiplicar os exemplos de manifestações discursivas desse tipo monocausal. O grande problema é que os manifestantes discursivos raramente estudam as manifestações de rua, sendo apenas exímios em grande tiradas condenatórias e em exercícios morais exemplares.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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