04 abril 2011

Desmobilizados de guerra, mobilizados da história (6)

O sexto número desta série.
Escrevi no número inaugural que faz anos que jornais, blogues e redes sociais se povoam com os desmobilizados de guerra do nosso país.  Regra geral, o tema está cheio de pronunciamentos, de condenações, de ameaças, de promessas de manifestações, de cancelamentos à última da hora, de acordos prometidos, de quase acordos, de acordos supostamente desfeitos, de acordos denunciados, uma real história de amor e ódio, de fidelidade e pecado. Creio que o mais recente relato está aqui.
Escrevi em número anterior que a guerra foi como que democratizada, que a história tem novos actores reconhecidos, que os desmobilizados de guerra de ontem são os mobilizados da história de hoje. Porém - acrescentei - resta um problema: o dos heróis.
Mais um pouco desta delicada questão dos heróis. Mortos, eles podem ser motivo de conflito vivo e agudo entre grupos e partidos. Melhor dito: são quase sempre. Os heróis oficiais são o estandarte de uma competição política, nacional ou inter-nacional. E quanto mais mais partidarizado for um Estado, mais políticos e mais central e unilateralmente decididos são os seus heróis e, portanto, menos possibilidades têm de ser populares ou popularmente aceites.
Prossigo mais tarde.
(continua)

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