19 junho 2010

Santos de casa não fazem milagres? (10)


Mais um pouco desta série.
Em números anteriores deixei duas ideias: (1) A da necessidade de acreditarmos nos santos da casa e em seus milagres e (2) a de profissionalizarmos cientificamente o futebol.
Interessa-me aqui o primeiro ponto.
Uma mente colonizada pela reverência aos deuses estrangeiros apenas acredita na eficácia dos milagres externos.
A recontratação de Mart Nooij com um salário de luxo é um exemplo claro das mentes colonizadas. Uma dolorosa chapada nas nossas capacidades.
Imagem reproduzida daqui.
(continua)

4 comentários:

Anónimo disse...

Fantochada! Chocante falta de sensibilidade na definição de prioridades, racionalidade, na aplicação dos recursos disponíveis.

O Governo impõe a Cahora Bassa, empresa 85% do Estado, que subsidie o principesco salário do treinador.

Há 21,5 ou 25 mil dolares (não tenho presente o valor certo)para pagar a um treinador, que, independentemente da sua competência ou não, não vai atingir quaisquer objectivos, pois faltar-lhe-ão outros recursos materiais,financeiros e outros para motivar jogadores e restante equipa técnica ou materializar o seu programa de trabalhos.

Quantos furos de água no meio rural poderiam ser feitos MENSALMENTE com este sálário: no mínimo 5 furos/mês x 12meses x 4 anos = 240 furos x 100 beneficiários por furo = 24.000 camponeses com melhores condições de acesso à água.

Nesta fase, apostemos nos "santos da casa"

ricardo disse...

Antes de dispararmos os nossos foguetes de indignacao, responda-se a pergunta:

Quem paga o salario de Nooij, a cooperacao holandesa, ou os nossos impostos (no OGE)?

Quando alguem me responder com clareza a isto, entao podemos comecar a falar do resto.

Porque, sejamos francos, ha um costume enraizado nas mentes mocambicanas que e desejarem castelos, quando nem sequer areia tem para dar. Que me desculpem a violencia das palavras, mas essa e a realidade...

Ha bons tecnicos nacionais, pois concerteza que ha. Mas sera isso o suficiente?

Porque, me parece, que nesta terra preocupam-se na maioria das vezes em comprar um Bentley Mulsanne e so depois ensinar o seu proprietario a conduzi-lo.

E nessas circunstancias, ate Mourinho poderia correr o risco de ser equiparado a um tecnico da equipa B do Munhuanense Azar.

Eu coloco o enfase na questao da cooperacao holandesa, porque QUERO convidar a uma reflexao sobre os modelos de cooperacao que temos, nos quais, a desportiva e uma infima parte.

Em como, regra geral, 50% dela e para pagar consultores, regalias e workshops, que nem sequer chegam entrar no nosso circuito financeiro. Quando, o essencial - TRABALHO E KNOW-HOW - e materia dos relatorios de circunstancia. E, quando os demais 50% ca chegam, ainda sao sujeitos a ISENCOES de tuta-e-meia em beneficio dos expatriados. O que e que realmente ca fica?!

E assim tem sido com a Holanda e seus pares da UE. Mas tambem com a China, EUA, Canada, Brasil, India, Japao, etc.

Todos, sem excepcao, afinam pelo mesmo diapasao. No entanto, ja nao oico ninguem a indignar-se com essa balanca tao mal calibrada. Sobretudo, de como NOS MESMOS, somos os principais responsaveis por isso se manter ad-aeternum, cultivando o pasto da "renovacao dos contractos" e das suas metabolicas comissoes que alguns de nos recebemos por causa de uma assinatura magica.

Simples e concreto, chega de lamurias!

Disse

Abdul Karim disse...

Ricardo,

Quando derem espaco pra trabalhar, pra criar, pra inovar, nessa altura, SIM, nessa altura, vamos fazer Milagres.

Em relacao a cooperacao, basta cruzar as ajudas e doacoes financeiras, dividas contraidas pelo pais nos "35 anos de independencia", e o efectivamente realizado com as tais dividas, justificamos nao so a nossa pobresa, insucesso desportivo, mas ate justificamos os niveis de HIV e mortalidade infantil do nosso pais,

Os resultados das nossas cooperacoes sao termos nos tornado num dos ou o pais com menor indice de desenvolvimento humano e mais pobre do mundo,

Nao obstante termos um ex-presidente vencedor por "excelencia governativa" pelo Mr Mo, um grupo de parceiros eternos a nos sustentarem financeiramente o nosso sistema em so eles sabem como, uns dirigentes vitalicios que dizem que pobresa esta na nossa cabeca,

Foram a china pedir 2.000 milhoes, 'e pra construir edificios pomposos para albergarem reunioes de hipopotamos e gulopotamos, e os pobrezinhos do US$ 1/dia vao pagar ao longo das proximos seculos,

205 anos previsao para pagamento de nossa divida, no ano passado, segundo gulopotamo.

Em relacao as isencoes, 'e so e somentemente, para os membros, parceiros, financiadores e sustentadores do partido no poder,

Nos nao podemos ter direito, depois na AR oposicao 'e so minoria absoluta, assim como Povo 'e pobresa absoluta, nos somos absolutistas.

'E so esperar, tem muita gente 'a espera,

Fazer o que ?

V. Dias disse...

“Hoje o estádio substitui o templo. Juntando-se ali um grupo incrítico, que defende o seu clube com unhas e dentes. Infelizmente não lhes ocorre que aquele fanatismo é só uma prova da miséria do juízo humano. Reconheço que há coisas piores. Mas como alguém me dizia no outro dia, os governos para evitarem o sarampo da política, recorrem ao cancro do futebol.” José Hermano Saraiva

Agora vamos a outro assunto(polémico).

1. Não quero acreditar que o Governo de Moçambique esteja totalmente isento na contratação do Sr. Nooij.

2. Também não quero acreditar, custa-me mesmo acreditar, que a Holanda oferece, a título de caridade ao Governo de Moçambique, um salário mensal de 25 mil dólares à um concidadão seu, neste caso ao Sr. Nooij (este, o Noé bíblico) para, sei lá como, tentar salvar uma espécie de mambas fraquinhas, em detrimento de construir escolas, hospitais, diques, represas para mitigar à pobreza do povo.

3. Este salário do Sr. Nooij corresponde 50 vezes mais o salário mínimo na Holanda. E com que intenção iria a Holanda drenar tanto dinheiro para os bolsos de um único cidadão?

4. Que interesses há na contratação de um seleccionador nacional estrangeiro cujas despesas pesa na fazenda nacional? O Sr. Pedrito Caetano pode explicar isso aos amantes do desporto rei em particular e aos moçambicanos em geral?

5. De qualquer forma, porque não tenho MATAQUENHA NA CABECA, há-de o Governo de Moçambique, duma ou doutra maneira, comparticipar nas despesas para a contratação do Sr. Nooij. Isto é um facto sobre o qual nao tenho nada contra.

6.O problema que se coloca é este: se houve dinheiro para pagar 25 mil dólares há um seleccionador estrangeiro, porque é que o mesmo critério (dois pesos e duas medidas) não foram aplicados para pagar ao Chiquinho Conde, Arnaldo Salvado, Mussa Osman, aos meus chamuales Dado Valente e Ozias, (ambos em Nampula), entre outros.

7. E que dizer dos jogadores que nem 1/3 do salário do seleccionador ganham? Como dizia o outro (Nilocau Breyner) a mim ninguém me dá baile.

Zicomo