20 junho 2011

Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (12)

Desinstalemos os mitos (Sebastião Alba)
O décimo segundo número desta série, suscitada por textos aqui e aqui.
Prossigo no quarto ponto do sumário que vos propus, intitulado Ritos de iniciação na Zambéza: nluga e muáli.
Na véspera da iniciação, de pais a visitantes, todos devem praticar a continência sexual. Na iniciação, há vários tabus a observar: não dormir senão sobre folhas de bananeira, sacos velhos ou esteiras rotas; como vestuário, uso apenas de tangas; não olhar para pessoas de sexo diferente, não falar em voz alta, não cantar sem os mestres ordenarem, não ofecerer água a alguém. Depois do rufar dos tambores (e, em tempos recuados, dos tiros das espingardas) segue-se a circuncisão, dividida em três partes: entrada, instrução e saída. Na floresta, as crianças encontram-se alinhadas em filas, cada uma com o seu padrinho. Nenhuma delas pode saber o nome do oficiante que tem a seu cargo o corte do prepúcio. Após a operação, as crianças são medicadas com um produto que desinfecta e faz cicatrizar a incisão. Durante vários dias ficam no barracão, esperando a cicatrização, os alimentos são-lhes trazidos da aldeia por familiares ou pelos padrinhos. A incisão tem um duplo significado:  entrada no mundo linhageiro e término da fase infantil e impura da vida. Banhos e remédios que tomam têm o mesmo significado. Os iniciados perdem o nome que receberam à nascença e recebem outro, o de adultos.
Prossigo mais tarde com a segunda fase, a mais longa, a fase da instrução.
(continua)

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Pena não haver aqui fotografias como no trabalho do Katawala.

Carlos Serra disse...

Sim, não disponho de fotos.

Anónimo disse...

Mas as minhas fotos podem também servir para os textos do Professor, pois acho as duas cerimónias muito próximas nas suas estruturas e conteúdos.

A. Katawala