12 junho 2011

Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (9)

Desinstalemos os mitos (Sebastião Alba)
O nono número desta série, suscitada por textos aqui e aqui.
Prossigo no quarto ponto do sumário que vos propus, intitulado Ritos de iniciação na Zambéza: nluga e muáli.
O que se segue é uma tentativa para mostrar alguns elementos centrais do cerimonial iniciático, sem que isso signifique que não haja hoje modificações nas componentes e na duração.
Após nascer, a criança é purificada e recebe um nome provisório. Mas ela ainda não pertence ao mundo dos adultos, ainda não pertence ao mundo linhageiro, não existe socialmente, por isso mesmo é que o seu nome é provisório. O oceteliua (otxetheliwa), conjunto cerimonial iniciático, destina-se a fazer as crianças entrarem no mundo dos adultos.
Antes de se tornar adulta pelo rito iniciático, a criança é mopi (mophi), ainda não iniciada, é unicamente um adulto latente, digamos que uma crisálida. O não iniciado não pode: ser sepultado no cemitério linhageiro, acompanhar os exorcistas, adivinhos e curandeiros, casar-se, assistir aos ritos iniciáticos e participar nos funerais e nos sacrifícios rituais.
Prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: no distrito do Alto-Molócuè, por exemplo, os ritos são praticados por 30 dias logo após o término do período escolar, em coordenação com o Ministério da Saúde - informação de António Zefanias a 11/06/2011.

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Ora aqui estão as escolas informais, as escolas do povo.