Eleições municipais na África do Sul (2)

Prossigo esta série, agora com um texto do jornalista João de Sousa, da Rádio Moçambique.
De: João de Sousa
Correspondente da RM
18.05.2011
A esta hora muitos cidadãos aglomeram-se nos postos de votação para as autárquicas. A campanha eleitoral, durante os últimos 30 dias foi caracterizada por acusações entre diferentes partidos políticos, com maior incidência na troca de palavras entre o ANC e a Aliança Democrática.
Independentemente dos problemas internos, provocados por manifestações populares, denunciando um mau serviço às populações, principalmente nos bairros mais carentes, o ANC foi o que melhor se organizou. Montou uma verdadeira máquina eleitoral. Arrastou multidões para locais mais problemáticos do País. Apelou ao voto. Considerou que o voto no ANC é ferramenta essencial para o desenvolvimento, particularmente das zonas onde as carências são visiveis. Chegou mesmo a dizer que os antepassados podem virar-se contra aqueles que não votarem no ANC. Um pronunciamento que foi criticado pela Aliança Democrática. Um partido que parece apostado em contrariar (em alguns municípios, como por exemplo Nelson Mandela Bay e Cape Town) as intenções do partido no poder. O Cope (Congresso do Povo) partido formado essencialmente por dissidentes do ANC pouco ou nada fez. Do Inkhata Freedom Party do histórico Manghosuto Butelezy quase que não se ouviu falar.
As estatísticas indicam que muito provavelmente (no horizonte de 26 milhões de votantes) o ANC pode conquistar a maioria dos Municípios do País. A grande questão aqui é saber em que medida o partido no poder pode reverter a situação na Província do Cabo, onde a governação municipal é da responsabilidade da Aliança Democrática.
De acordo com dados fornecidos há momentos pela Comissão Eleitoral Independente da África do Sul, os resultados finais destas eleições autárquicas poderão ser conhecidos na sexta-feira.
PS: ontem foram criadas condições especiais para que o ex-presidente Nelson Mandela exercesse o seu direito de voto. Ele votou na sua residência em Houghton.

(continua)

Adenda de João de Sousa às 8:49: Presidente Jacob Zuma vai votar às 11 horas no Kwazulu Natal, Helen Zille (Aliança Democrática) acabou de votar. Thabo Mbeky também.
Adenda 2 de João de Sousa às 8:52: Oportunismo político. O Cope (Congresso do Povo) formado maioritariamente por dissidentes do ANC vem a público dizer que o ex-presidente Nelson Mandela votou no Congresso do Povo. Ainda ninguém reagiu a esta notícia.
Adenda 3 de João de Sousa às 8:59: Brigadas Móveis dos Serviços de Identificação Civil estão colocadas em vários pontos da África do Sul. Ainda há Bilhetes de Identidade Temporários que estão a ser emitidos por forma a permitir que os cidadãos possam exercer o seu direito de voto. Estas Brigadas Móveis vão funcionar até as 19 horas, hora do encerramento dos postos de votação.
Adenda 4 de João de Sousa às 11 horas: Presidente Jacob Zuma acaba de votar em Khanda, a sua terra natal (Kwazulu Natal). Analistas políticos consideram que o desempenho do ANC nestas eleições vai ser um dado importante para a liderança de Jacob Zuma, numa altura em que a sua recandidatura como Presidente do ANC (em 2012) está a ser posta em causa por alguns círculos do partido no poder.
Adenda 5 de João de Sousa às 11:54: Independentemente de todos os problemas internos o ANC continua a ser o partido político de maior expressão na África do Sul, embora se reconheça que o seu nivel de popularidade baixou depois das Eleições Gerais para as Legislativas e Presidenciais de 2009. O nível de implantação de acordo com um estudo divulgado há momentos pela IPSOS MANIKOR é de 56,6%, seguido da Aliança Democrática com 19,3%, do Inkhata Freedom Party com 2,1% e do Cope com 1,2%. Outros partidos de muito pequena expressão são a União Democrática, Convenção Pan Africana, Democratas Cristãos e Frente Minoritária.