24 maio 2011

Onde moram os pobres? (7)

Um provérbio na língua Tumbuka no Malawi diz o seguinte: "Não há funeral para o cadáver da galinha" (significado: a morte do pobre passa despercebida).
Neste sexto e último número da série, escreverei um pouco sobre o quinto e também último do sumário proposto, refiro-me à pobreza como problema de relações de produção.
Invariavelmente a pobreza aparece como um problema tecnicamente abordável e tratável. Essa pobreza é suposta ser vencida com coisas, com programas, independentemente das relações sociais nas quais tem curso. A crença reenvia para o portentoso método do Barão de Münchhausen. Um dia, num dos seus passeios a cavalo, caiu num pântano. Afundando-se cada vez mais e não havendo ninguém para o socorrer, o barão teve a genial ideia de se puxar a si mesmo pelos cabelos, até conseguir sair do lodaçal, juntamente com o cavalo.
Imagem: Desocupados, quadro de 1934 do pintor argentino Antonio Berni
(fim)

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Pode acreditar, há muitos barões por aí.