Eleições municipais na África do Sul (7)

Termino esta série , uma vez mais com um texto do jornalista João de Sousa, correspondente da Rádio Moçambique na África do Sul, a quem desde já agradeço a generosa participação:
Com 57% de abstenção no horizonte de 26 milhões e meio de cidadãos, as autárquicas sul-africanas viram consolidada a posição do ANC, mesmo considerando a existência de alguns focos de tensão, particularmente nos núcleos populacionais descontentes. O partido no poder fez festa, regada com champanhe e com fogo de artifício à mistura, na Luthuli House em Joanesburgo. Jacob Zuma minimiza os protestos da população e refere que “nós ainda somos o partido que pode mudar a qualidade de vida do cidadão”. Fala em melhores políticas de desenvolvimento e reafirma que depois desta autárquicas, tudo vai mudar.
Acredito que sim. Aliás não há outra alternativa senão enveredar por reformas no sistema de Governação, porque acima de tudo é preciso que esta população que votou e permitiu ao ANC conquistar a maioria dos Municípios da África do Sul, reconheça, daqui para a frente, que passos estão a ser dados no sentido de “mudar a qualidade de vida” como refere Jacob Zuma.
A Aliança Democrática melhorou o seu desempenho comparativamente a 2006. Ganhou na Província do Cabo (esta é uma pedra no sapato do ANC) e conquistou outros municípios de menos dimensão. A vitória em Cape Town assegura a Patricia de Lille (Presidente dos Independentes Democratas) a Presidência da Câmara Municipal daquela cidade.
As duas desilusões foram o COPE e o Inkhata. Embora o Congresso do Povo tenha sido a terceira formação política mais votada nestas autárquicas, vai ter de entrar na coligação com outros partidos para poder ter alguma voz activa no processo. O Inkhata do histórico Mangosutho Buthelezy, rodeado em problemas internos, não deu nas vistas.
Encerrado um capítulo deste processo, agora surgem os contactos políticos por forma a se encontrarem formas de coligação.
Os dados revelados (ainda não oficiais) indicam 61.09% para o ANC e 24,01% para a Aliança Democrática.
Nas autárquicas anteriores o ANC conseguiu 66,3% de votos, a Aliança Democrática 14,8 e o Inkhata 2%. Naquela altura ainda não tinha sido formado o Congresso do Povo.
Será importante lembrar que estas eleições autárquicas serviram para eleger novos responsáveis de 262 municípios.

(fim)

Adenda às 9:04: aguardo que o João corrija a % de votos do ANC.
Adenda 2 às 9:54: corrigido.