18 abril 2011

Da cesta básica à cesta política (5)

Um pouco mais desta série.
A pergunta que ficou no fim do número anterior: mas, agora, qual o significado político da cesta, qual o significado da cesta política?
Comentários de vários tipos surgidos na imprensa e neste diário mostram quão difícil vai ser implementar a cesta básica. Porém, já escrevi que não tenho competência para analisar a consistência económica da cesta, restando-me unicamente a possibilidade de procurar analisá-la como cesta política.
Vamos lá, então. Coloco-me como hipótese que a forma apressada como surgiu a cesta política destinada aos pobres de 11 municípios tem, por hipótese, seis percutores interligados ao nível do Estado gerido pela Frelimo:
*Memória das revoltas populares de 2008 e 2010
*Inquietação com as revoltas em África, no Médio Oriente (por exemplo, confira aqui) e, mais proximo de nós, na África do Sul (2010) e na Suazilândia
*Preocupação com as ameaças de manifestações no país
*Alta de preços dos combustíveis e dos cereais a nível mundial
*Proximidade das eleições autárquicas de 2013 e gerais+presidenciais de 2014
*Decapitar a possibilidade de a oposição ganhar trunfos populares urbanos
A ideia matriz é a seguinte: a luta política trava-se não no presente, mas no futuro.
(continua)

3 comentários:

Anónimo disse...

> Diz o Professor: "a luta política trava-se não no presente, mas no futuro."

> Confirma o partido Frelimo: "a vitória, prepara-se, organiza-se!".

Anónimo disse...

O governo esta amarrado a uma teia sem muitas chances de manobra: se nao der subsidios havera problemas, dando subsidios tambem havera problemas. Acho que o meio termo encontrado foi subsidiar alguns cidadaos das 11 cidades porque e nas cidades onde se oca a orquestra das manifestacoes. Isto e, a unica saida encontrada foi o de preveir manifestacoes e nao o de resolver o problema porque para resolver o problema seriam necessarios rios de dinheiro que o governo nao tem.

Diz-se que quem semeia ventos colhe tempestade. Esta crise nao so vem de fora como tambem resulta da falta de politicas claras orientadas para a producao e cultura de trabalho. Durante muito tempo fomos nos divertindo com politiquices que inclusive passam por cima das leis. Por exemplo a lei de florestas diz que determinadas especies so poderao ser exportadas depois de processadas o que criaria mais emprego e mais dinheiro para o pais. Entretanto para satisfazer alguns veio uma chuva de moratorias e decretos para permitir exportacao de madeira em toros. Ate se fizeram reclassificacoes de especies e de dimensoes tudo por conveniencia para satisfazer alguns bolsos e nao um pais como um todo.

Por outro lado andamos a brincar aos sete milhoes e as revolucoes verdes. Compram 80 tractores e pensam que por magia esses tractores resolvem o problema. Em paises como o Brasil 80 tractores sao para um farmeiro.

O maior problema e que qualquer ideia contraria ou sugestao e vista como mao estranha ou apostolo da desgraca.

ricardo disse...

Nao tenho a menor duvida que assim sera...

Viva mexicanizacao politica nacional!

Vivaaaaaa....