13 fevereiro 2010

Do cesarismo em Moçambique (3)

Mais uma pouco desta série.
Os partidos políticos da oposição são, em princípio, mais propensos ao cesarismo. Por quê? Por que isso está na sua "natureza"? Não, porque, por hipótese, não estão a gerir o Estado. Um partido que gire o Estado tem, em princípio, mais possibilidade de distribuir, descentralizar e disfarçar o cesarismo central por múltiplas pequenas unidades na cadeia de comando, (1) amortecendo os protestos e os choques através da distribuição e rotação de recursos de poder (sobrer a definição de recursos de poder, confira o penúltimo parágrafo aqui) e/ou (2) punindo os protestos através da rede de aparelhos de segurança. O quadro geral de hipóteses deve ainda tomar em conta a eventual experiência militar na vida dos partidos.
(continua)
Questão: em que é que o leitor discorda?

6 comentários:

ricardo disse...

Os partidos no poder em sociedades propensas ao cesarismo tem um orgao chamado comite central central onde o cesarismo e tao similar ou pior que o dos partidos da oposicao. Diria ate maconico. Independentemente de todas as outras cadeias de comando.

Sem o involucro do comite central, os partidos no poder seriam tao iguais quanto os outros. Sendo que, estando na oposicao, continuam sendo menos iguais que os outros. Pelos mesmos motivos.

Por isso e que nunca verei nomes de cesaristas mocambicanos que nao sejam da Oposicao...ou serao como as bruxas?

"Yo no creo en las brujas, pero que las hay, hay"

ricardo disse...

Nessas circunstancias...

Cambaza, Manhenje e Lidimo enquanto responsaveis pelos seus pelouros seriam cesaristas hard-predadores?

E Rui Fernandes, Jose Viegas, Carlos Morgado (in memoriam) enquanto gestores seriam cesaristas soft-empreendedores?

E Jorge Rebelo, Sergio Vieira e Marcelino dos Santos enquanto historicos seriam cesaristas jurassico-messianicos?

Parece que embarcamos na nave do dr. Spock para fora da Via Lactea.

Ainda vamos dar connosco a pensar que somos os cesaristas domesticos dos nossos proprios filhos...

Carlos Serra disse...

Espero que a continuidade da série permita tornar mais claro o quadro do cesarismo.

Abdul Karim disse...

Ricardo...

Ir pra fora da via lactea 'e o projecto mais mais, e publicamente assumido pelo ministro de ciencia e tecnologia de Mocambique... nao sei se tem outros...

... ele quer uma agencia espacial... so...esta faltar dinheiro...so... mas, tem doadores prontos...

ricardo disse...

Nao e Karim? Pudera, se ate ja nos propos centrais nucleares em Mocambique!...

Mas o problema meu caro, e que a rir as coisas vao acontecendo. Usando as palavras de Alberto Joao Jardim a proposito do escandalo Socrates na comunicacao social, ele disse que a gargalhada e as sacudidelas de agua no capote, nao desresponsabilizam um povo, atirando a culpa so na classe politica. E verdade, cada povo tem os politicos que merece, quando os aceita a gargalhada!

Se um dia ouvirmos dizer que Mocambique se transformou num reservatorio de lixo nuclear mundial, entao ja saberemos porque e que se falou de centrais nucleares.

O mesmo diria em relacao as espaconaves de Massinga, um iluminado que inventou a divisa " Telecentros, Um Computador, Uma Palhota!"

Nitschka disse...

Aqui no Brasil temos os melhores exemplos de omissão e falta de estrutura na área nuclear. O Maior acidente radiológico urbano do mundo foi em Goiânia e não foi devido a nenhuma usina nuclear mas sim um aparelho de radioterapia que foi ABANDONADO em um terreno baldio!!

As formas de exposição nuclear são variadas, mas seus riscos não, até porque, segundo os estudos que temos somente o câncer pode ser diretamente vinculado, outro ponto que dificulta muito o reconhecimento das vítimas.

Qual é o custo do "progresso"? E afinal, para onde vai "tanta" energia? Estamos mirando o elefante, mas o rato também nos atinge!