Terceiro número aqui. Sugeri-vos um sumário no número inaugural desta série, aqui. Finalizo este ponto: 2 Síndrome do vencedor. Na verdade, o vencedor entende que deve ganhar de forma continuada os pleitos políticos. Se ganhou a primeira vez, entende que deve ganhar as vezes seguintes. Transforma a vitória num dado identitário, natural, sistemático e irreversível. E ganhar significa ganhar tudo. Mas não só ele: os seguidores e os inimigos também assim pensam. Os inimigos políticos ficam pesarosos quando o vencedor perde por inteiro ou quando perde parte do que antes ganhara. Derrotas, pequenas ou grandes, levam os inimigos ao sofrimento. As eleições sul-africanas foram um laboratório desse pensamento, a nível interno e externo. As pequenas perdas urbanas do ANC nas municipais deste ano foram sentidas como perdas gigantescas, históricas, dando origem a teses cheias de dramatismo, como se o fim do mundo tivesse chegado e tudo estivesse definitivamente em derrocada trágica. No fundo, os críticos amam o adversário político, sofrem tal como os amigos do adversário, em seu ódio coabitam com o Pai primordial sempre amado. Por caminhos perversos, mantêm aceso o ideal do líder eterno. Por isso ficaram e ficam coléricos na sua esquizofrenia política. E houve quem, no alfobre comum de amigos e inimigos, prezasse e preze dar conselhos ao ANC sobre como evitar erros e derrotas no futuro. [imagem adaptada daqui]
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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