Fixo o perfil do jovem-tipo-da-tablete-último-modelo no jeito domingueiro: ar ostensivamente absorto, olho na tablete, auriculares nos ouvidos, mundo real distanciado, digital nas artérias e veias da vida, mais as sapatilhas enormes com os cordões desabotoados e o ar gingão de macho especial para impressionar as meninas que, digitalmente como ele, passam febris e etéreas. O capitalismo assim faz: jovens de um futuro sem livros, mas tecnicamente perfeitos em distração digital, individualismo exibidor, maquinaria mutante e evacuação do social. A mediocridade é "nice", entre dois sorvetes e um riso casquinado na margem de mais uma segunda-feira.
2 comentários:
"O capitalismo assim faz: jovens de um futuro sem livros, mas tecnicamente perfeitos em distração digital, individualismo exibidor, maquinaria mutante e evacuação do social."
Esplêndido.
São jovens que "Limitam-se a falar calão, fazer abreviaturas e produzir linguagem da droga. Quando são questionados, dizem que estamos a poupar o crédito do telemóvel. Para onde levamos o país? Talvez se explique pelo facto de estarmos ainda na fase da priorizarão da quantidade em detrimento da qualidade. A dialéctica parece pregar assim. Depois poderá vir a outra fase: a da qualidade, se houver engenho e arte." FZM
Zicomo
Sobre o assunto recomendo a leitura de:
- Gilles Lipovetsky "O império do efémero. A moda e o seu destino nas sociedades modernas. Lisboa: Dom Quixote.
Texto parcialmente disponível aqui:
http://mail.companhiadasletras.com.br/trechos/80124.pdf
Enviar um comentário