01 setembro 2013

Alice no País da Sociedade Civil (7)

Sétimo e último número da série. Escrevi, já, que a Alice do País das Maravilhas de Lewis Carroll também visitou o País da Sociedade Civil em Moçambique e que chegou a uma dupla conclusão, a saber: 1. Trata-se de uma expressão precisa na sua imprecisão, 2. É uma expressão politicamente útil. O que significa isso? Após ter escrito sobre o primeiro caso no número anterior, passo agora ao segundo. Se toda a gente é suposta habitar essa enorme Arca de Noé - funcionários do Estado, todos os grupos sociais, todas as classes, todas as nacionalidades, não importa quem nem que grupo -, então estamos face a uma enorme entidade líquida que apaga, que falsifica a conflitualidade social, uma entidade amorfa, enorme, que, em sua imprecisão politicamente útil aos mentores do neoliberalismo, conforta o sistema e homologa as relações sociais vigentes. Na verdade, a sua matriz teórica habita intimamente o corpo preceitual do neoliberalismo: trata-se de evacuar ou de reduzir o Estado do papel de guardião social, de avalizar a privatização do social e de expandir as virtudes e as práticas do mercado "livre" e competitivo, na senda de uma sociedade formada por homens e mulheres supostamente "livres", finalmente emancipados do Leviatão.
(fim)
Adenda: sobre a tão magnética e acrítica expressão que é a sociedade civil, confira várias entradas neste portal aqui.

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Mas a malta não se preocupa com isso pois o mais importante são os proventos.