20 julho 2011

Tanques e fome na Etiópia

O governo etíope vai comprar 200 tanques de guerra à Ucrânia enquanto milhares de etíopes passam fome devido à pior seca dos últimos sessenta anos. Três milhões de crianças estão subnutridas - aqui e aqui. Para traduzir, aqui.

2 comentários:

Anónimo disse...

São as prioridades...De resto, com a população os ocidentais se preocuparão... Não está aí o UNICEF e a ONU preocupadas??? Não estão os paises ocidentais reclamando pela fome naquela zona do continente africano? Porque o Governo tem que se preocupar? Assim é Africa. E nestes casos onde esta a União Africana, tanto para mobilizar comida para os nossos irmãos, como para colocar os regimes na linha...

ricardo disse...

Sobre esta noticia ha muito que comentar.

Primeiro, os tanques. Na guerra do deserto (e a Etiopia e montanhosa) os tanques sao um recurso estrategico imprescindivel, pois funcionam como navios no alto mar. Isto e, um deserto e como um mar, nao tem relevo, nem barreiras artificiais claramente delimitadas. Logo e uma guerra em movimento e de desgaste. Ora, sucede que os tanques de guerra no caso da Etiopia, a serem usados devera ser para prevenir accoes em Ogaden na zona limitrofe da Somalia. Mas os tanques, tambem sao uma arma muito dispendiosa, pois necessitam de manutencao. Apos 300km, um tanque normalmente devera ser atestado e sofre uma pequena revisao. Ora, se o exercito Etiope demonstra problemas logisticos, entao podemos especular que os tera na manutencao de tanques. Podemos, mas nao devemos afirma-lo taxativamente. Mesmo porque, e bom lembrar, esta na Etiopia a melhor escola de aviacao comercial e manutencao aeronautica de Africa (com excepcao da RSA).
Por outro lado, o ultimo conflito com Eritreia que a Etiopia venceu, deveu-se essencialmente ao uso de burros, pois foi uma guerra essencialmente de Montanha. As licoes de 30 anos de guerra, deram aos Etiopes a possibilidade de inovarem na estrategia militar, adoptando uma abordagem assimetrica. Por um lado, a forca aerea a flagelar Asmara, impedindo o reabasteceimento eritreu e as tropas montadas em burros a penetrarem no Macico eritreu ate as portas da capital.
Por fim, ha agora uma nova preocupacao Etiope. O Sudao do Sul. Como me referi num post anterior, este novo Estado tera de exportar o seu petroleo por algum lugar. Podera ser por Port Sudan (se Abyei for resolvido); Por Mombassa (planos existem) ou por Djibouti. Se for por este ultimo, o pipeline devera passar pela Etiopia ate atingir aquele porto. Alem disso, nao se conhecem diferendos fronteiricos naquela zona com o antigo Sudao, contudo, um estado rico em petroleo normalmente desequilibra o equilibrio militar e politico de qualquer regiao.

Veremos.