Lá onde há um passeio na cidade de Maputo está um carro, muitas vezes um faustoso 4x4; lá onde há relva e se pede para a não pisar, está um carro, depois outro e depois n outros; lá onde deve passar um peão, habita um carro; lá onde há um sinal vermelho, passa um carro; lá onde é proibido estacionar, vive um carro. Mesmo nos sítios onde não há carros há pelo menos um carro, 4x4 ou chapa. Mais: potencialmente as clínicas de psicólogos devem ter pacientes cujos pesadelos deixaram de ser habitados por pessoas para o serem por carros de todas as marcas. E, certamente num futuro breve, teremos carros dentro das casas e nos terraços. Então, há carros em todo o lado, nos poros de todos os lados, carros sôfregos que devoram tudo e todos tal como os carneiros seiscentistas até homens devoravam segundo o Rafael da Utopia de Thomas Hobbes, há rebanhos de carros com condutores que há muito deitaram ao lixo espalhado por ruas e passeios as regras de trânsito, a decência e o respeito por outrem. A mentalidade rodoviária hobbesiana campeia.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
4 comentários:
Assino por baixo.
Eheheheheheh!!!! Hoje estou com vontade de rir!!!!!
Belo.
E eu ainda não tenho carro!!!
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