20 julho 2011

Panglossismo (6)

O término desta curta série, com o terceiro ponto do sumário proposto: a incompetência dos outros.
Apesar do que dizem as malévolas e vilãs vozes populares, o Grande Líder sabe muito bem que tudo foi feito para o País dos Panglosses ser o melhor dos países. O País dos Panglosses é, sem qualquer margem para dúvidas sofísticas e anti-panglosseanas, o melhor, estatisticamente cheio de vitórias de ganhos e providências. E por ser o melhor só pode ser governado pelo Grande Líder e sua corte, sejam quais forem os pequeninos erros de detalhe da corte. No melhor dos mundos é evidente que mais ninguém pode governar em lugar do Grande Líder e da sua corte de mandarins. Por quê? Porque o lado contrário, o ignóbil mundo dos que protestam, é unicamente formado pela maldade, pela inveja e, especialmente, pela incompetência. Quem decreta isto? O Grande Líder e sua corte, a história sem fim dos eleitos. Mas como se pode dizer, por exemplo, que os protestadores são incompetentes se ainda não governaram? Pode dizer-se sim, basta a palavra do Grande Líder, a palavra do optimismo. Panglosseanamente falando, a grande onda da optimismo nacional já tinha chegado mesmo antes de ter chegado. Tal como os narizes foram feitos para aguentarem os óculos, o País dos Panglosses foi feito para unicamente ser governado pelo Grande Líder Iluminado e sua faustosa corte.
(fim)

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Ora aqui está uma grande parábola, mesmo uma luva para os "panglosses".