15 junho 2011

Sobre ritos de iniciação (10) (Texto de A. Katawala)

Legenda: Kumbi, local das cerimónias de iniciação, província do Niassa
Continuidade do texto do leitor A. Katawala sobre ritos de iniciação no Niassa, dando desta maneira o seu contributo à minha série Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique: "Acho que a ruptura com o estádio anterior dá-se com a aprendizagem que o candidato recebe durante o peródo de retiro, pois é durante esta aprendizagem que se afectua a desconstrução de uma identidade (a de criança) para dar lugar à construção de uma nova identidade, de uma nova pessoa; é através da aprendizagem que se "morre" como criança, que se rompe com o estádio anterior e se "renasce" como adulto, que se renasce num novo estádio.  A fase da prova é a terceira fase que chamo de reitegração, pois é aqui que o recém-iniciado vai ter que "passar o exame" provando que foi formado como um homem novo, como um membro útil da comunidade. Momento (1), a separação da mãe e do ambiente familiar para um período de aprendizagem. O isolamento dos candidatos durante o Unyago é feito no kumbi. Kumbi é uma construção de capim em forma de O com um pátio interior. Tem compartimentos para os candidatos, padrinhos, guardas e uma latrina.  O Kumbi fica situado no mato e na proximidade de um rio, mas não muito distanciado da aldeia. O isolamento das candidatas é feito na própria aldeia, mas numa palhota fortificada contra os homens e as raparigas não iniciadas."
(continua)

2 comentários:

Salvador Langa disse...

Um grande serviço cultural presta o Sr Katawala.

Anónimo disse...

Mais uma vez, obrigado ao Salvador Langa e obrigado ao Professor. Esta é parte de um trabalho que quiz partilhar convosco em reacção ao artigo do portal da RM e do jornal El Mundo. Acho que vale, não tanto pelo conteúdo, mas sim pelas imagens que falam por si (a fotografia tem esta magia de dizer algo mais do que aquilo que é contemplado no momento).

A. Katawala