20 abril 2011

Desmobilizados de guerra, mobilizados da história (12)

O décimo segundo número desta série.
Escrevi no número inaugural que faz anos que jornais, blogues e redes sociais se povoam com os desmobilizados de guerra do nosso país.  Regra geral, o tema está cheio de pronunciamentos, de condenações, de ameaças, de promessas de manifestações, de cancelamentos à última da hora, de acordos prometidos, de quase acordos, de acordos supostamente desfeitos, de acordos denunciados, uma real história de amor e ódio, de fidelidade e pecado. Creio que o mais recente relato está aqui.
Em número anterior, escrevi também que a guerra foi como que democratizada, que a história tem novos actores reconhecidos, que os desmobilizados de guerra de ontem são os mobilizados da história de hoje. Porém - acrescentei - resta um problema: o dos heróis.
Prossigo nesta complicada questão dos heróis. Os heróis moçambicanos não são, portanto, livres de descansarem nas suas tumbas quando em jogo está a sua recriação ou a sua reactivação política. São duramente produzidos e reproduzidos. Por consequência, não há heróis em si. Mais: eles não existem, ao fim e ao cabo. O que foram ou o que são é o que queremos que eles sejam, no interior dos nossos interesses.
Prossigo mais tarde.
(continua)

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