05 abril 2011

Cinco riscos espreitando os jovens cientistas sociais moçambicanos (11)

O penúltimo número da série.
Escrevi no número anterior que me falta o engenho para moralizar ou propor catecismos científicos. Todavia, tenho por bem que a humildade - uma profunda digamos que humildade operária - deve ser a coluna vertebral do jovem cientista social moçambicano, atento que precisa estar aos cinco riscos por mim sugeridos. Mas atento, também, a outros problemas, afinal riscos eles ainda, dois dos quais vou indicar: (1) a veneração pelos pais fundadores, pelos "clássicos" e (2) a veneração pelos pregadores, pelos proponentes de receitas.
Prossigo o segundo problema destas considerações finais, o problema dos pregadores ou, como propôs um leitor, dos evangelistas.
Escrevi no número anterior que todas as ciências têm aqueles que se encarregam de sintetizar e de manualizar a história, as correntes analíticas, as descobertas científicas, as técnicas de pesquisa e os métodos usados. Dar ordem ao que pode surgir como desordem é uma necessidade pedagógica.
Porém, tal como em relação ao primeiro problema (veneração cega pelos pais fundadores de uma ciência), surge aqui o risco da veneração cega pelos autores de manuais e de receitas de pesquisa. Por hipótese, quanto mais nos ativermos aos manuais e às receitas de pesquisa menos capazes seremos de realmente pesquisar, menos capazes seremos de criar agendas originais de pesquisa, menos capazes seremos de sermos nós. Regressarei a este ponto.
(continua)
Adenda: muito provavelmente os cinco riscos passarão para sete ou, até, para mais, em trabalho a publicar futuramente. Não há mesmo caminho, o caminho faz-se caminhando como escreveu o poeta.

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