04 março 2011

A história dos 80 quilos de cabelo humano

Segundo o The Times of India, uma mulher de 35 anos oriunda de Moçambique queixou-se à polícia em Chennai de uma empresa que alegou não lhe ter fornecido 80 quilos de cabelo humano que pagara por 17830 dólares. A polícia disse que a senhora  Esther Ozias Combane tem feito várias viagens de negócios para adquirir cabelo humano em Mumbai e Chennai. A história aqui. Para traduzir, aqui.
Observação: julgo saber que é um negócio fértil no nosso país. Julgo saber, também, que há cabelo humano à venda de primeira, segunda, etc.
Adenda às 10:08: uma senhora disse-me que o Brasil é outra fonte de cabelo humano para os cabeleireiros, mas que o cabelo vindo da Índia é mais limpo.

13 comentários:

ricardo disse...

Sobretudo, e um produto de grande procura pelo jet-set local, onde vezes sem conta, nos deparamos com beldades (de karapinha dura) cor de ebano com longos cabelos esvoacantes, nos locais mais badalados de Maputo.

E um produto muito caro. Sua aplicacao por cabeca - e dependendo da extensao do fio capilar - nunca fica por menos de US$ 100,00.

Dai a ira da sra. Esther...

Unknown disse...

Em volve avultadas somas de dinheiro mas 'e um demonstracao clara de falta de auto estima das nossas mulheres! comprar corpo de outra pessoa?! agora vejo a preocupacao da PAULINA CHIZIANE!...

Carlos Serra disse...

Tomara eu ter tempo na vida para estudar este interessante fenómeno.

ricardo disse...

Na verdade, este fenomeno e uma extensao de muitos outros que alguns poderao reclamar como prova do espirito de inferioridade cultural. Alguns gostam de falar de auto-estima. Sinceramente, nao creio que seja a mesma coisa.

Com efeito, mulheres negras usam cabelos liso de indias ou indianas para se parecerem mais proximas das europeias. Igualmente, usam cremes para clarear a pele, para parecerem mais brancas. Por seu turno, mulheres brancas bronzeiam-se ate escaldar para ficarem mais escuras. E fazem trancas tipo dread-locks para se parecerem mais com as negras.

Pretender ser original hoje em dia, e como equivaler-se aos homens das cavernas de a milenios atras.

Nao vejo, portanto, onde esta a questao da auto-estima. Vejo sim, um fenomeno progressivo de aculturacao natural, so possivel porque hoje vivemos e partilhamos tudo a escala global, incluindo padroes de beleza.

A mim interessa-me mais conhecer o impacto financeiro na renda das familias mocambicanos dos gastos em beleza e costumes futeis. Pois que, muitas vezes, estes modismos sao uma clara demonstracao de LUXO NA POBREZA. Levando muita gente a por de lado principios morais seculares e prostituir-se ate, so para estar na moda...

E muito dificil compreender quando se diz que um pais e POBRE, mas com uma massa crescente de populacao a gastar dinheiro em cuidados de beleza e bens superfluos (blackberrys e outros gadgets, tabaco e alcool).

Xiluva disse...

Completa alienação. E deppois dizemos que queremos defender os nossos valores. Quais valores???

Unknown disse...

Ricardo,

Nao sei se custuma acompanhar minha forma de olhar para os fenomenos sociais? nunca vou pela maioria mesmo assim nunca me sinto primitivo como tenta adjectivar-me! Outra coisa nunca julguei o meu modo de ver as coisas, absoluta! Portanto, congratulo com a sua descordia comigo porque nao corre o risco de se tornar refem pois nao sou uniforme.

Quanto ao que considera primitivo, acho de aprender a nao ser preconcetuoso bem diz as brancas chegam a fazer dredes nao ao ponto de pedir as africana cortarem cabelo para elas pagarem portanto o usar creme que trazes como exemplo nao vejo analogia possivel a compra do cordo de outra pessoa nao ve algum exagero ai senhor moderno?

Eu acho que o que o ricardo esta a dizer embroa esteja proximo da modernidade tem uma doze de exagero e falta de gosto de si mesmo sim...

Ha muitos valores culturais que podemos emprestar. dai, ate corpo? faz favor...

V. Dias disse...

Onde é que andas caro amigo Chacate Joaquim? Os teus pontos de vista são bem-vindos, sempre!!!

Este assunto de gostos, brancos, pretos, etc., é muito complexo. Não conheço um só estudioso deste assunto que não tivesse sido "apedrejado" pelas correntes.

Vale a pena estudar o tema, é imperioso. Agora, é preciso deixar de facto os preconceitos de lado. Se estou a favor ou não do uso destas extensões? Quem sou eu para travar as correntes da modernidade? Há coisas piores.

Por exemplo, entre este assunto do cabelo e dos gays, lésbicas, prefiro combater este último ponto. Cria-me arrepio mesmo.

Zicomo

ricardo disse...

Meu caro Chacate nao me referia a si em particular, mas a todos os que se amarram ao purismo e a originalidade, quando ninguem e HOJE em dia e mais original ou originario. Somos um mundo em constante misceginezacao, queiramos ou nao, essa e a realidade. Quem se posicionar contra essa corrente sera certamente olhado como excentrico ou talvez pior. Um bom exemplo disso sao os talibans no Afeganistao tentaram oficializar uma tradicao local. Os resultados sao sobejamente conhecidos. Outra coisa que interessa perceber e o alcance da originalidade quando vimos defende-la. O sr. Mobutu Seseko era o paladino da africanidade. Mas, o que e certo, gostava de celebrar os seus aniversarios na mansao que tinha em Paris e ao som de violinos stradivarus...O sr. Kadhaffi, outro paladino da africanidade branca, foi educado em Sandhurst. E toda sua familia por la perto andou tambem.

Reitero o que escrevi.

Anónimo disse...

incoerente ou "in-cu-errente" é alguem que me pede para deixar os preconceitos de lado e logo a seguir, atira-se contra os gays e lesbicas só por serem gays e lesbicas, ou alguem que atira-se contra a homosexualidade porque não é intrinsecamente aficana, mas logo a seguir procura explicar-me que "somos um mundo em constante misceginezacao, queiramos ou nao, essa e a realidade".

Estamos aqui, estamos atentos a cada palavra escrita nas postagens.

AAS

ricardo disse...

Sr. AAS, nao deturpe o que nao le. E nem faca leituras de rodape do que le.

O facto de que "somos um mundo em constante misceginezacao, queiramos ou nao, essa e a realidade", nao implica que devamos concordar com tudo que nos rodeia, mas sim, ter o devido desprendimento para colocar cada coisa no seu devido lugar. Alias, esse e o fundamento do pensamento logico.

Se V.Excia quer-me ouvir dizer que CONCORDO com a tese peregrina dos gays com base nas figurinhas egipcias que prescreveu, perdeu o V. tempo, porque nao sou amante de banda desenhada. Os gays existem por ai. Africanos ou marcianos. Directores de empresas publicas, ou dancarinos de cabaret. Psicologos, ou modelos fotograficos. Sao uma inevitabilidade dos tempos, assim como o sao a SIDA, a gripe A e os tiranos do Maghreb. Que macada. Mas o que vamos fazer? Mas dai a ser simpatizante da causa ou ate gay por submissao a moda do jet-set local, penso que isso e que e ser pouco IN e muito CU-ERRANTE!

Mesmo porque, a minha conversa aqui e em torno do comercio de cabelo de defuntos, um costume moderno importado tambem pela globalizacao, que como se percebe, ate e um processo inter-cultural. Questoes sexuais de gosto duvidoso nao foram levantadas por mim...

V. Dias disse...

Uma coisa é cultura e a outra é doença.

Para mim, até que provem em contrário, ser gay ou lésbica é um desvio de comportamento, é uma doença.

E as estatísticas não escondem um dado que muitos procuram ignorar: nos últimos 10 anos há mais infectados de SIDA entre os gays do que entre os heterossexuais.

E digo mais: enquanto os países não acabarem com esta "sarna" podem crer que os problemas sociais vão rebentar feito a rebelição no norte de África.

Zicomo

Anónimo disse...

Pouco IN e muito CU-ERRANTE ou vice-versa, o capacete serviu e ainda hão-de lamber as feridas em gesto de consolação para fazedores de opinião que se julgam ser!

Bom fim-de-semana

AAS

ricardo disse...

Enfim, eis mais um belo exemplo da Sindrome do Disco Riscado (Marshall Rosenberg) a planar pelo blog...