A miséria mais abjecta lado a lado com a ostentação de riqueza não menos abjecta nesta cidade de Maputo. Tudo parece natural e tudo se naturaliza. Ser rico é uma disposição de espírito - defendem alguns. Naturalmente que ser pobre não é menos uma disposição de espírito. Na melhor das opções, é, até, um vício, uma mania - uma mania de muitos neste país. Sem dúvida que o conhecimento é uma coisa deveras complicada. E, evidentemente, cheia de disposição de espírito.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Adoro citar Fannon:
"A burguesia nacional vai comprazer-se, sem complexos e com toda a dignidade, no papel de agente de negócios da burduesia ocidental.Esse papel lucrativo, essa função de pequeno financeiro, essa estreiteza de vistas e essas ausências de ambição simbolizam a incapacidade da burguesia nacional de cumprir o seu papel histórico de burguesia"
Eu receio que a essa nova tendência crie divisões de classes, confrontos e desentendimentos. Um exemplo claro é o Rio de Janeiro. De um lado os guetos, de outro vivendas. Isso não pode continuar assim.
Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia:
Oh! Venha... Oh, Venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao moral, que frio e mudo
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo;
Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és e glória e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!
Bocage, Liberdade
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