Alguém me escreveu via email dizendo, em jeito de veemente alerta, que hoje, até às 14:55, 42 camiões (matrículas registadas) do Conselho Municipal saíram carregados de areia do desaguadouro da Praia das Palmeiras, na cidade da Beira (situada abaixo do nível do mar). Isto dura há já muito tempo, calculando-se ronde os 200 mil metros cúbicos a perda anual de areia devido à erosão.
Observação: já em 2007 postei sobre o tema, recorde aqui. Entretanto, procuro, a vários níveis, obter esclarecimentos. Vamos a ver se tenho êxito nos contactos que comecei a fazer.
Adenda às 16:27 de 01/12/2010: aguardo que o Conselho Municipal da Beira possa apresentar um esclarecimento.
Adenda 2 às 09:42 de 02/12/2010: via email, recebi do Conselho Municipal da Beira um esclarecimento que pode ser lido aqui.
Adenda 3 às 7:05 de 08/12/2010: via email, recebi de Ana Alonso um texto intitulado "Carta Aberta a Daviz Simango", aqui.
Adenda às 16:27 de 01/12/2010: aguardo que o Conselho Municipal da Beira possa apresentar um esclarecimento.
Adenda 2 às 09:42 de 02/12/2010: via email, recebi do Conselho Municipal da Beira um esclarecimento que pode ser lido aqui.
Adenda 3 às 7:05 de 08/12/2010: via email, recebi de Ana Alonso um texto intitulado "Carta Aberta a Daviz Simango", aqui.
18 comentários:
Penso que sera importante fazer essa confirmacao, pois que aqui se encadeiam muitas coisas:
1- Regularmente, o canal da Beira e dragado. Recentemente, o sr. eng. Deviz foi citado como tendo dito que os inertes das dragagens seriam usados na construcao e obras publicas da edilidade. Indicou inclusive o local onde os mesmos passariam a ser depositados, que agora nao me ocorre onde;
2- Por outro lado, esta bem patente, de algum lugar o municipio da Beira tem de ir buscar inertes para, entre varias coisas, construir as novas sedes do municipio, pois as anteriores tiveram de ser devolvidas ao seu "legitimo" proprietario.
3- Ficaria feliz se soubesse que o autor do e-mail teria sugerido ideia melhor para as obras do municipio, dado que do Governo Central duvido que la chegue alguma, com excepcao de expeditos mandados judiciais.
Confesso que nao simpatizo muito com a "preocupacao" causada por situacoes evidentes de "preso por ter cao, preso por nao ter".
Gosto de coerencia e pragmatismo.
Senhor Ricardo,
O Conselho Municipal e outros como o Empreiteiro das obras do saneamento (que é pago pela União Europeia para fazer as obras e buscar a areia onde todo o mundo vai, não para tirar de borla areia da praia), tem que ir buscar a areia nos locais e areiros devidamente autorizados e licenciados para isso).
De certeza que não existe ninguém nem entidade autorizada a retirar areia da praia, pela Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental, única entidade que o pode fazer.
Embora a praia esteja sob gestão do CM da Beira, isso não lhe dá poderes para efectuar acções ilegais.
O problema na marginal, a cerca de 150 metros do desaguadouro começaram precisamente há três anos, porte foi retirada areia massissamente do Desaguadouro.
É irónico e patético que a Suiça esteja a investir 250.000,0 US$ na reconstrução de uma muralha , que foi destruida pela erosão, e que ao lado se esteja a sabotar todo o esforço desta obra de proteçção costeira.
A verdade é que existem grandes jogadas mafiosas por trás disto tudo.
Aquando da retirada massissa de areia há 3 anos, a mesma foi colocada num terreno a cerca de 1.000 metros do Desaguadouro, onde foram depositados cerca de 35.000 metros cubicos de areia ou mais, que ao preço de venda do mercado são mais de 700.00,0 US$.
Agora pergunto: o privado que ficou com esse enorme terreno que fica em frente á SOBOLOS, e que até agora só construiu um muro, quanto pagou ao Conselho Municipal da Beira pelo mesmo para ali construir um condomínio?
Será que pagou o investimento de cerca de 700.000,00 US$ que o CMB ali enterrou?
Até onde vai a máfia do negócio da areia na cidade da Beira....
Por isso senhor Ricardo, não venha misturar alhos com bugalhos ... o que é que as sedes dos bairros tem a ver com roubo de areia e destruição por meios fraudulentos e ilegais das dunas da cidade?
Munícipe Preocupado
A autora do texto que se segue pediu-me que o colocasse dado não ter conseguido fazê-lo entrar devido a problemas com a internet na Beira:
"Resposta a Ricardo.
O Programa de Gestão da Costa da Beira, PGCB, é até hoje o único documento que indica como proteger uma cidade que teme a invasão do mar, por encontrar-se abaixo do nível deste.
O PGCB indica que a praia da Beira perde 20.000 toneladas de areia por ano devido à erosão, e afirma que as 50.000 toneladas de sedimentos depositadas anualmente no canal devem ser dragadas e transportadas às áreas vulneráveis da mesma praia.
A questão de Ricardo parece-me de fácil resposta. O Conselho Municipal da Beira, CMB, autoriza às licenças das empresas que fornecem areia para trabalhar em locais distantes da área urbana da Beira. Acontece que quando se trata de obras de administração directa realizadas pelo CMB, as normas são outras: os camionistas transportam 2 camiões de areia da praia para os depósitos do município ou para os aterros negociados pelo CMB com privados, entre os quais o que se encontra frente a Só Bolos com milhões de toneladas de areia que saíram da praia, e só depois de transportar 2 carradas em beneficio do CMB ou em beneficio dos clientes do CMB os camionistas podem levar uma carrada em beneficio próprio , considerando-se o CMB pago com as 2 carradas precedentes.
Evidente que o CMB não deve despir um santo para vestir outro santo e deve, sim, ser o primeiro em respeitar as normas que promulga, entre as quais procurar areia nas áreas autorizadas e respeitar a normativa sobre empreitadas de obras publicas vigente no resto do pais, que não respeita, conforme indica hoje o Diário de Mocambique em sua página 2, tal vez porque o CMB queira virar empresário.
Na reabilitação da rua da Catedral e da Munhava, ambas realizadas por administração directa, o CMB utilizou milhões de toneladas de areia da praia das Palmeiras para fabricar pavés e, parece, utiliza areia da mesma praia para construir em tempo recorde as sedes que acaba de perder, e se alguém aceita tais procedimentos não posso ser desta opinião, porque comporta contar com o apoio irresponsável dos desinformados.
Salvo erro, este tipo de manipulação acontece na praia da Beira, donde coincidindo com o inicio das obras de construção das sedes dos bairros, o CMB transportou para fora da praia, ontem, 26 de Novembro de 2010, mais de 60 camiões de areia até o fim da tarde, ao pé da tabuleta informativa que indica que a obra de emergência de protecção da costa é realizada pela Agencia helvética de Cooperação, o que a olho nu parece uma falta de respeito para aquela Agencia solidária e uma falta de respeito para os munícipes que por ali passaram pensando que se tratava de obras técnicas de reparação quando na realidade e como acontece desde 2006, os camiões carregaram a areia da praia para fora, a partir do mesmo local donde se anuncia a obra urgente de prevenção financiada pela Suiza com 250.000 dólares, valor da areia que levanta da praia em menos de 15 dias o CMB.
Ana Alonso."
Aguardo um esclarecimento do Conselho Municipal da Beira.
O CONSELHO MUNICIPAL DA BEIRA CARREGOU O SÁBADO 27 DE NOVEMBRO 19 CAMIÕES PARA FORA DA PRAIA
Agradecida a Carlos Serra pos ter postado o comentário enviado, donde por lapso se indica que o Programa de Gestao da Costa da Beira, PGCB, indica que a praia perde 20.000 (vinte mil) toneladas por ano devido à erosão quando na verdade o PGCB afirma que a praia da Beira perde duzentas mil (200.000) toneladas por ano devido à erosão.
São portanto 200.000 e não 20.000 as toneladas que a Beira perde por causas naturais, sendo a quantidade estimada que a praia perde pela extraçao massissa de areia provocada pelo CMB tres vezes maior, sendo esta actividade insustentável e uma gravissima ameaça para a cidade.
Hoje sábado, 27 de Novembro de 2010 o CMB transportou para diferentes locais, entre eles para as obras das novas sedes dos bairros, 18 camiões de areia da Praia das Palmeiras, extraída no mesmo local donde o CMB realiza por administração directa as obras de emergencia de protecção costeira financiadas pela cooperação helvetica.
A relação dos camiões e horas em que circularam hoje, sábado, é: MLZ 35-96 (13:15), MLZ 28-87 (13:48), MLZ 35-96 (14:10), MLZ 35:96 (15:00), MLZ 28-87 (15:16), MMM 92:75 (15:35),MLZ 35-96 (15:45), MLZ 35-96 (16:22), MLZ 28-87 (16:38), MMM 92-75 (16:43), MLZ 28-87 (16:50), MMM 92-75 (16:57), MMM 92-75 (17:30), MLZ 35-96 (17:36), MLZ 35-96 (18:10), MLZ 35-56 (18:15), MLZ 28-87 (18:20) e MMM 92-75 (18:36), sendo a quantidade de areia ilegalmente extraída e transportada para fora da praia de 570 toneladas, por ser o sábado um día de menor actividade.
Seguiremos observando.
Ora bem, palavras para quê, sr. Munícipe Preocupado? Aí está a V. resposta. Se nunca percebeu que a questão das sedes ia muito para lá das questões políticas, então tem estado obececado pela sua calculadora. O que é mau. O que eu constato, no caso da BEIRA, é que esta preocupação afecta particularmente 2% de munícipes que controlam 90% da riqueza gerada na urbe. Efectivamente, porque ninguém desejaria acordar com a cama a boiar no canal da Beira.
Do outro lado da barricada, está um edil remando contra o Tsunami político alimentado por estes mesmos nobres cidadãos.
Fiquei aquí também a saber dos milhões que as várias cooperações têm gasto na Beira, mas já agora, gostaria mesmo de saber, em termos absolutos, em que zonas da cidade tem este dinheiro sido engolido. E porquê?
Trocando por miúdos, quem são os grupos populacionais beirenses mais atingidos por este fenómeno da erosão (natural ou induzida)?
Pois eu tenho uma previsão. Serão os mesmos que, em Maputo, tudo fazem para transformar a linha costeira da Costa do Sol num viveiro de condomínios de luxo com esgotos a céu aberto.
Mas eu também gostaria de ouvir (o que sempre suspeitei) alguma coisa da boca do edil do Chiveve.
a areia deve ser retirada continua e responsavelmente para na entupir o desaguadouro.
Conto receber um esclarecimento do CMB.
NOVA RESPOSTA PARA RICARDO
O que dice é muito certo. Certissimo. Infeliz o desnivel entre gente que vive e gente que tem a vida dificil.
Acontece, caro amigo, que a pessoa que pode acordar com a cama no mar ou melhor com a sede de sua empresa no mar e com ela os salarios das 100 familias que trabalham na dita empresa, esa empresa demorou 15 anos em adquirir, legalmente, a residencia donde se encontra.
São outros quem num prazo muito mais curto de tempo e em apenas dois anos construiram e ninguem sabe como conseguiram, grandes palacios nas zonas nobres da cidade da Beira que, claro, não se encontram na praia desonrada. Pena que este blog não permita a possibilidade de postar fotos, pois enviaria para voce, com sumo gosto, a imagem de alta residencia, perdão, palacio e não precisamente de areia, construido por este tipo de pessoas que voce menciona, uma minoria entre os que não nos encontramos, minoria que ignora que os privilegios não são direitos. Aliás, esa minoría também debe ser abrangida, nunca excluída, pelos direitos que a todos correspondem num estado democrático. Provabelmente assim abandonen o lucrativo campo dos privilegios para o mais duro campo dos direitos, como todos desejamos se o que pretendemos é um futuro melhor.
Senhor Ricardo,
Realmente muito pouca visão... quem tem olhos e não quer ver é mais cego que um cego de nascença.
Se os tais 2% acordarem no canal, pode ter a certeza que se safarão muito melhor do que a maioria dos restantes 98%, que vivem em precárias e miseráveis condições no matope pantanoso abaixo do nível do mar.
Essa a gente maioritariamente no limiar da pobreza, que na época chuvosa passam desgraçadamente mal, com água por todos os lados e muitas vezes dentro de casa, onde para dormirem, tem que colocar os colchões em cima das mesas e dos armários, fora outros inconvenientes de toda a ordem, (doenças, malária, cólera etc.), esses sim serão as maiores vítimas da erosão costeira, que poderá ter consequências catastróficas.
Será que já ouviu falar no aquecimento global e no inevitável descongelamento dos gelos polares e do aumento do nível das águas do mar?
Sabe o que isso pode significar?
Se calhar ainda não ....
Não sei se também é consciente da pobreza da população urbana de Moçambique e da sua vulnerabilidade ás calamidades naturais?
Também não sei se já reparou que quando ocorrem calamidades no País, os que sofrem maioritariamente são os tais 98% da população?
São as cheias, são os desmoronamentos, são as secas, são os derrames de químicos como aconteceu em Moma, vamos ver o que vai acontecer na Matola, etc, etc .. sempre o povo pobre ...não os tais 2%...
É para aí que se devem convergir todos os esforços e por isso temos que ver este problema em todos os seus reais quadrantes e perspectivas.
Por isso, lhe digo mais uma vez que não vamos misturar as questões e os problemas.
O problema das sedes é um problema de índole política, mas que cuja construção é de carácter técnico, que em termos de areia, se resolve com uma ou duas dezenas de carradas de camiões.
O problema, como espero que perceba definitivamente, é a extracção de milhares e milhares de metros cúbicos de areia que envolvem centenas de carradas de areia em camiões de 30 toneladas ... que espero não venham a causar sofrimentos incalculáveis á grande maioria dos citadinos beirenses .
Munícipe Preocupado
Sr. Municipe Preocupado,
Nem sempre o que parece e. Inclusive a sua visao. A constatacao e minha.
Mas para sermos mais construtivos, eu pediria a alguem ai na Beira, para fazer um levantamento fotografico das zonas em risco (Incluindo o canal do Chiveve) e manda-lo ao Professor Serra. Acredito que ele o postara aqui. E desse modo, iremos comentar com base em factos. Quanto ao CMB, continuo a espera de ouvir o seu EDIL.
Uma curiosidade: Porque e que a BANCADA da FRELIMO na Assembleia Municipal nao se insurge contra isto, propondo, inclusive a cassacao do mandato de Simango por violacao sistematica das posturas camararias que jurou defender?!
Entretanto, refresque a sua memoria: http://www.cargoedicoes.pt/site/Default.aspx?tabid=380&id=3048&area=Cargo
para saber porque a area do Canal nunca servira a cidade, mas sim os mesmos interesses que tudo fazem para transformar a linha costeira da Costa do Sol num viveiro de condomínios de luxo com esgotos a céu aberto.
OITO MILHOES DE METROS CUBICOS DE AREIA!!!
Mas disso, os 2% de munícipes que controlam 90% da riqueza gerada na urbe nao querem sequer pensar. Quanto mais falar. Esse e que e o PROBLEMA da BEIRA. E esse e o problema que a FRELIMO nunca quiz resolver tambem. Disciplina partidaria camuflando interesses de grupos economicos locais.
Pois, pois claro...
Um facto interessante é que os municipes preocupados conhecem bem os fundos (externos, claro) que o Eng Simango tem à sua disposição. E porque não falam dos fundos internos? Será que é porque nao há?
Desde que o Eng Simango ficou edil da Beira, muitas acções que vinham sendo realizadas naquela cidade ficaram congeladas, foram mudadas para outras cidades etc, etc. Isto nao é segredo para ninguem. À semelhança do que acontece com as sede (da vergonha) o municipio -assim como os municipios de Nacala e todos outros que ficaram na posse da Renamo foram despojados de pequenos investimentos. Até reuniões nacionais de Ministérios foram derivadas para outros municipios. Com isso ficaram prejudicados todos os Beirenses da Renamo, os Beirenses da Frelimo, os Beirenses sem partido. Todos literalmente. Isto é um facto que ninguem, nem mesmo os falsos preocupados falam.
Por isso... a inveja é que o Municipio ainda nao voltou para as maos de quem o geriu MAL durante muitos anos. Ninguem se preocupa agora com isso. So se preocupam com estes factos...
De todas formas eu também gostaria de ouvir o que diz o Municipio sobre este assunto.
Um abraço,
Cidadão preocupado (com a evolução do País)
Longe da discussão de opção politica e administrativa, e nem sendo da minha área de conhecimento, mas sempre aprendi que para construir é muito mais eficaz a longo prazo, e em termos de qualidade de construção a areia extraída dos rios e nunca inertes extraídos do mar. Penso que muito por causa do sal e dos seus efeitos na oxidação dos materiais, mas como referi não é a minha área de especialidade. Sei apenas que quando falamos de desenvolvimento devemos ser capazes de fazer perspectivas a médio longo prazo, para que não deixamos um problema e uma factura maior para as gerações futuras.
Quanto às alterações climáticas. Há ainda muita discussão sobre o tema. Embora existam lobbies que que condicionam esta agenda, permita-me Caríssimo Professor sugerir dois blogues portugueses que procuram discutir alguns dos dogmas ambientais. Um cientista e um anónimo (com grandes conhecimentos na área). Penso que a discussão poderá ser útil, para que o desenvolvimento Moçambicano não possa no futuro, ficar refém de estratégias que têm preços muito elevados, e olhando para o caso português alimentam (e este juízo tem cada vez mais consenso generalizado na opinião publica e especializada) determinados oligopólios.
Blogues recomendados:
http://clima-virtual-vs-real.blogspot.com/
http://ecotretas.blogspot.com/
Meu Caro Anonimo,
A questao da qualidade dos materiais (inertes) de construcao nao foi aqui levantada. Ja agora, a praia das Palmeiras e fluvial?
Conheca a resposta: http://www.cfmnet.co.mz/easdoc2.html
O que e incrivel e dizer-se que se estar a por em causa o combate a erosao na urbe, por causa de 100 carradas de camioes, por razoes que - espero - vira o proprio Simango explicar.
E ignorar os OITO MILHOES DE METROS CUBICOS DE AREIA (mas que nunca servirao para combater a erosao da cidade) que ja servem para um aterro do novo terminal de carvao de duvidosa utilidade, pois, esta demonstrado que o seu escoamento sera mais viavel em barcacas pelo Zambeze ou por Nacala via Malawi!
Onde e que esta a moralidade?!
Pergunto.
INTERROMPIDA A EXTRAÇÃO DE AREIA NA PRAIA DA BEIRA
Hoje, segunda feira 29 de Novembro de 2010, foi interrompida a extração de areia que desde 2007 vinha realizando o Conselho Municipal da Beira com destino à diversas obras e recheios, publicos e privados, no interior da cidade.
Apreciable a sensibilidade do CMB assim como o espíritu de diálogo dos responsaveis do Projecto do Saneamento da Beira, que realizaram contactos para dialogar com as pessoas afectadas.
A partir das 7 da manha e até as 8,30, quatro veiculos pessados de transporte de areia que entraram no Desaguadouro da Praia das Palmeiras voltaram vazios e não se registraram novas carradas de areia durante toda a jornada.
A extração de areia na Praia das Palmeiras,fora das áreas autorizadas para esta actividade, realizou-se a partir de 2007, com uma capacidade de transporte para fora da praia de até 2.000 toneladas por dia. Não se trata, portanto, de apenas 100 carradas.
Felizmente o Plano de Gestaão da Costa realizado por técnicos holandeses esclarece que a praia perde cada ano duzentas mil toneladas de areia devido à erosão e esclarece, todavia, que os sedimentos depositados no desaguadouro, cinquenta mil toneladas de areia por ano, devem ser dragados para, seguidamente, repor esta areia nas áreas vulneráveis da praia.
Os indicadores são bem claros, tão claros como o perigo que corre a cidade se não se respeitam as normas definidas para a proteger.
E os condicionantes políticos, que todos comprendemos, não podem justificar o absentismo quando a preocupação tira o sonho da gente que, finalmente, deu um exemplo de civismo infrequente, opinando, observando e reclamando de forma livre e ordeira e marginalizando os intereses partidarios, pois quando a erosão ameaça a gente não quere saber nada de politica.
Cabe esperar que o CMB abra vias de diálogo abrangentes que consideren todas as sensibilidades para avançar na tarefa comun de defender à cidade, de forma efectiva, da ameaça da erosão.
Holandeses, pois claro. Como aqueles que irao dragar o Canal e usar inertes para aterrar o futuro terminal de carvao.
Continuo a espera de ouvir o EDIL da Beira. Nao sei porque nao se pronuncia...
O assunto da dragagem do canal para a terminal de carvao parece interesante. Nunca ouvi falar do assunto, obrigado pela dica.
Seguimos observando.
Professor Dr. Carlos Serra,
Acabei de ler o esperado "esclarecimento" dum senhor vereador do Conselho Municipal da Beira.
Infelizmente, nada esclarece em relação à problemática da retirada descontrolada de areia do Desaguadouro e da praia em geral.
Desvia toda a sua prosa da matéria principal e limita-se a atacar em termos pessoais uma pessoa que se preocupa com os muitos desmandos que ocorrem na praia da Beira.
Ficamos todos na mesma em relação a um elucidativo esclarecimento, que se esperava de um responsável do CM da Beira.
Em que mãos estamos entregues ... ...
É triste.
Cordiais saudações,
Munícipe Preocupado
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