Um enorme esforço tem sido produzido pela direita do neo-liberalismo, pelas elites desejosas de chegar ao Estado e pelos grupos conservadores de modos de produção ainda vivos no sentido de eliminar a teoria da luta social, a visibilidade das desigualdades sociais e a prática das lutas entre grupos e classes. A ideia do "sujeito" de Alain Touraine, a ideia do "acordo racional" de Jürgen Habermas e a ideia das tradições conformadoras são três das linhas de trabalho teórico de todos aqueles que desejam conversas decentes na "esfera pública", com bons e engravatados argumentos, argumentos "racionais" permitindo chegar ao consenso numa sociedade exclusivamente conversadora, numa sociedade apaziguada, purificada do conflito e ocupada apenas com a produção do nirvana do "agir comunicacional".
10 comentários:
Ótima e oportuna "provocação", caro prof. Carlos. Enquanto engravatados bem alimentados se sentam à mesa de conversação-negociação, balas 'perdidas' matam no Rio de Janeiro, pessoas viram pedaços no Oriente Médio, milhões adoecem pelo medo de tudo e medo de nada (mas pelo medo), outras tantas se matam por causas perdidas ou mesmo desconhecidas !
Meus cumprimentos,
Paulo; Brasil
Por falar em Nirvana...
Que tal compulsar A INDÚSTRIA BILIONÁRIA DA FABRICAÇÃO DE DOENTES (Os vendedores de doenças) As estratégias da indústria farmacêutica para multiplicar lucros
espalhando o medo e transformando qualquer
problema banal de saúde numa "síndrome" que
exige tratamento?
Vide mais aqui: http://www.scribd.com/doc/14193524/A-industria-bilionaria-da-fabricacao-de-doentes-Ray-Moynihan-Alan-Cassels-prevencao
Professor, gostaria que explicasse a forma que toma a luta de classes, digamos, no Canadá ou na Suécia. É a mesma forma predita por Marx?
Por outro lado, temo que nos apressemos a classificar como luta de classes aquilo que, afinal, é pura luta pela sobrevivência.
Gostaria também de interpelar o Professor em relação àquilo que insistentemente denuncia como crescimento das desigualdades sociais. Como elas poderiam ser abordadas num país como o nosso? Veja Professor que o Estado costuma ser um dos principais redistribuidores através da política fiscal (um outro redistribuidor é o capitalista através do pagamento de salários que se querem justos).
Mas veja, caro Professor, que os nossos Estados, para atrairem investidores, nacionais e estrangeiros, devem oferecer como uma das contrapartidas, vantagens fiscais. De outro modo, os investidores demandrão outras paragens, mais compensadoras.
Ora, se o Estado cobra pouco em impostos, como pode exercer eficasmente a sua função de promotora da equidade (através de oferta de melhor educação, melhores infra-estruras, melhor preparação dos cidadãos.
Muitas vezes fico com a impressão de que se projecta falsamente a ideia de que há alguém maldoso, LIGADO AO PODER que, maldosamente, distribui mal os rendimentos nacionais.
Como abordar estas questões, oferecendo alternativas de actuação aos gestores públicos e privados? Como se caminha para a equidade num país como o nosso, caro Professor?
Gabriel M
Força caro "Gabriel M", responda.
Nas terras angolanas não é alguém maldoso é alguem bondoso encarregado de engordar as carteiras dos benfeitores do povo com os "subsídios especiais", ideia diferente claroe stá daquela suspeita do Gabriel o pensador.
Na verdade, Marx viu desenvolvida a deriva local de "Luta de Clãs" que acaba sendo uma luta caótica de classe com perspectiva bem africana... Também não me parece ser verdade que os que cá vêm poderão mudar de paragens caso não lhe cedamos aos caprichos. Isso foi verdade até à crise do Sub-prime. Agora passa-se precisamente o contrário. Eles até já fazem fila para entrarem cá!
Realmente o Gabriel M, pos uma boa pergunta,
"Como abordar estas questões, oferecendo alternativas de actuação aos gestores públicos e privados? Como se caminha para a equidade num país como o nosso, caro Professor?"
Foi dirigida ao Professor, mas atrever-me a commentar, se o Professor permitir,
Eu estou 'a espera de resposta ha bastante tempo, e concordo nao ha maldade na distribuicao da riqueza ou rendimento, apenas ha os esquecidos, que sao obrigados a fazerem se lembrar, uma vezes violentamente, e outra escrevendo, e falando.
O problema do nosso governo 'e tender a criar uma tradicao de "ouvir" violencia so,
E os esquecidos, so sao lembrados quando tendem por sua vez, fazer-se lembrar atravez da violencia.
Quanto a "oferecer alternativas de actuacacao aos gestores publicos e privados" - acho que so sao considerados gestores os que tem "cartao de socio" do parido no poder, os outros sao simplesmente nao-considerados.
Eu nao quero ser socio do partido no poder, por isso nao me dao alternativas.
Entao continuo a espera, do partido no poder, sair do governo,
Nao 'e ? so mesmo assim, porque nao dao alternativas, sem cartao de socio.
Boa resposta Boaventura e Karim ao Gabriel M.
Mas quando isso não pegar talvez voltemos às fontes para recuperarmos a lista dos donos da riqueza em Mocambique.
Uma boa quest~ao, a colocada por Gabriel M. A denuncia deve ir acompanhada por reflexao sobre os fenomenos. Parece verdade que e mais facil ver o mal. A pergunta de Gabriel M. coloca o desafio de sermos capazes de avaliar a natureza das desigualdades sociais em Mozambique, como elas se estruturam e como elas se reproduzem. Negar esta avaliacao e apostar na denuncia facil.
Cumprimentos dum angolano na diaspora. Faustino Matos
Melhor questão clarinha com a boa água é ainda a da Rafael Marques:http://makaangola.com/
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