Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "A hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com "A hora do fecho" desta semana, da qual ofereço, desde já, um aperitivo:
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Caro Prof. Carlos Serra, É uma honra escrever neste seu blog. Tenho vários assuntos que gostaria que tivesse em consideração:
A actuação da polícia nestas manifestações deixou muito a desejar, em particular a dos cinzentinhos ( policia de protecção). Eu vivo em Laulane, um pouco afastado da Avenida Julius Nyerere e mesmo em redor da minha residencia onde havia calma, nem se queimavam pneus, os cinzentinhos disparavam balas (sejam elas de borracha ou verdadeiras) a qualquer aglomerado de mirones. Tive que me manter dentro de casa para evitar balas perdidas. As filmagens ( imagens da STV e da RTP) mostram policias apontado directamente as armas (AK 47) para atingir a curta distancia manifestantes jovens em vez de dissuadir atraves de perseguiçao e captura. Por isso temos as mortes e feirdos a lamentar. Os manifestantes (vandalizadores se quiser) poucas vezes usavam pedras, apenas arrastavam pneus e queimavam-nos ou colocavam outros obstaculos. Isso explica as poucas baixas na Polícia. Os cinzentinhos nao tinham capacetes, nem escudos anti-pedra, etc. Houve cinzentinhos que no auge da sua actuacao arrancaram celulares, atiraram em qualquer pessoa. Nenhum cinzentinho usou bastões. Usavam as AK-47. Quem me dera se esta presença policial nestes bairros ocorresse no dia-a-dia de forma a conter a criminalidade que grassa nos dias normais e que que gera o ódio do povo e provoca os linchamentos. Desta vez o Povo tentou linchar o Governo e o Presidente graças a sua inactividade e passividade perante as subidas de custo de vida. Talvez, a polícia deveria ser como o Exército, onde os tiros não são disparados indiscriminadamente, mas apenas sob a voz de comando. Os cinzentinhos disparavam a torto e a direito e nem se via onde estavam as suas unidades de comando. Mais organizados estavam os agentes da FIR. Foi uma terceira guerra do Governo de Guebuza contra o Povo ( a Primeira foi a do Paiol. A segunda foi a do 5 de Fevereiro e a terceira é a de 1 e 2 de Setembro). Que valor tem as mensagens de condolências do Presidente da República para um Governo que autoriza os disparos em vez de outras medidas de dissuação? Ao fazer o seu juramento, ele não foi autorizado pela Constituição da República a matar nenhum cidadão que se manifeste ( mesmo que seja criminoso). Podia-se muito bem prender os vândalos, mas não disparar a queima-roupa contra eles. Qual é o valor que o PR , o Governo e a Polícia de Protecção dão a vida humana? Qual é o valor que eles dão ao bem-estar dos pobres? O Povo, esse, não teve nenhuma intenção de matar algum polícia, pois se quizesse te-lo-ia feito! Para defender um bem público ou privado, não é preciso disparar a ferir e a matar.
Obrigado, Colega, pela contribuição. Creio que há muitos campos sobre os quais podemos e devemos reflectir.
A TVM iniciou dedicou as suas sessões da hora nobre dos dias 2 e 3 de Setembro de 2010, a mando da FRELIMO, uma campanha para credibilizar os Secretários de Bairros e Vereadores Municipais. As entrevistas mostram que os vereadores municipais não foram falar com o Povo, não convocaram reuniões de antecipação a greve. Procuraram os secretários dos bairros e estes por seu turno os chefes ed quarteirão. Acreditaram, sem verificação nas palavras dos Chefes de Quarteirão. Aqui na Cidade de Maputo e Matola, estas estruturas, profundamente ligadas ao Partido Frelimo, já não têm nenhuma credibilidade e influência. Passam a vida a cobrar valores monetários, sem emitir nenhum recibo, para emitir declarações de residência. Passam o tempo a vender, a preços chorudos, os espaços públicos nos subúrbios para a habitação desregrada, fazendo desaparecer arruamentos, e campos de futebol. Estão envolvidos nos negócios de casas abandonadas. Nalguns casos, o seu único papel é dirimir os conflitos entre vizinhos ( geralmente favorecendo aquele que paga mais dinheiro). Por outro lado, são os mesmos que em vez de se preocuparem com os problemas do povo ( crime, lixo, etc), dedicam-se a propaganda política da FRELIMO, e neste momento estão mais ocupados a recuperar as células do Partido. Quem vai confiar neles? Ninguém mais atende as suas reunioes e nem mesmo eles têm coragem nem mesmo legitimidade no meio urbano para convocar ninguém!
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