26 maio 2015

Xenofobia e shangaanfobia: história e estereótipos na África do Sul e em Moçambique (14)

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. " [Bertolt Brecht]
Décimo quarto número da série. Permaneço no quinto ponto do sumário proposto aqui, a saber: 5. Moçambique 2006, 2007 e 2010, entrando nos pontos 5.2./5.5. Escrevi no número anterior que entre 2006 e 2010 viveram-se alguns momentos difíceis, em particular nas cidades de Maputo e Matola, com  picos de revolta popular em 2008 (lembre aqui e aqui) e 2010 (aqui e aqui). Havia inquietação com os preços dos produtos, com a vida em geral, o futuro surgia sombrio. Em meio a uma multiplidade de fenómenos, sucedeu que em Agosto de 2006 residentes do Bairro T3 na Matola chamaram curandeiros para descobrir os assassinos que aterrorizavam o bairro, considerados serem estrangeiros dos Grandes Lagos e do Zimbabwe; em Março de 2007, foram reportados ataques a bens de cidadãos burundeses e congoleses em Nampula; em 2010, na sequência de uma má actuação da polícia, vendedores moçambicanos assaltaram as cantinas dos estrangeiros possuindo lojas no bairro do Xiquelene, cidade de Maputo. Misturando-se com a crítica à acção governamental traduzida nas revoltas de 2008 e 2010, juntou-se a busca de bodes expiatórios estrangeiros.
Adenda às 09:32: leia um trabalho de Xolela Mangcu, no Rand Daily Mail, aqui.
Adenda às 09:58: confira também uma intervenção de Graça Machel, aqui.

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