27 maio 2015

Sobre a violência que se explica com a violência

Em lugar de consequência de algo ou de um conjunto de fenómenos, a violência é, frequentemente, havida como uma causa, como algo que está à cabeça de tudo. Considera-se que o ser humano tem uma dose inata de religiosidade, de piedade, de amor paternal, de ciúme sexual, de agressividade, de violência, etc. Quando queremos compreender a violência entendemo-la frequentemente no sentido em que, outrora, se explicava os efeitos do ópio pelas suas virtudes dormitivas, o vinho pelo espírito do vinho e o fogo pelas suas propriedades flogísticas. Por outras palavras: a violência explica-se com a violência, com o espírito da violência. Defende-se, então, que as pessoas são violentas porque possuem um coeficiente de violência inato, porque são violentas em si, que os homens batem nas mulheres porque são violentos, etc.

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