28 maio 2013

O aguilhão da história (sobre o assassinato do taxista moçambicano) (31)

"(...) a nossa preocupação no que se refere aos moçambicanos na África do Sul tem a ver com a extrema violência com eles tem sido tratados quando cometem crimes. Isto aconteceu agora, foi um caso excepcional, admitamos, mas também temos tido conhecimento de que os caçadores furtivos normalmente são mortos." - ministro Oldemiro Baloi
Trigésimo primeiro número da série. Prossigo no oitavo número do sumário proposto aqui, a saber: 8. A produção de estereótipos sobre a colónia braçal. Escrevi no número anterior que o bode expiatório se constitui nas representações populares como a saída, como a cura, como a solução para os problemas sociais que começam a ser sentidos por uma determinada comunidade num determinado período. Que problemas? Por exemplo, do tipo surgido no passado fim-de-semana em duas localidades situadas a 40 quilómetros de Joanesburgo, com casas de estrangeiros atacadas e pilhadas por sul-africanos. Estracto de uma notícia: "Os assaltos, que lembram a xenofobia de 2008, tem como causa uma alegada competição desenfreada por recursos, nomeadamente a aquisição de casas (da RDP) construídas pelo governo sul-africano para as comunidades desfavorecidas e desenvolvimento de negócios naquelas áreas." Voltarei ao tema dos recursos mais tarde.
(continua)
Adenda: o vídeo a seguir contém imagens chocantes, aqui.
Adenda 2 às 7:34 de 05/03/2013: ouvidos ontem pela estação televisiva STV, camionistas moçambicanos que escalam a África do Sul queixaram-se de constantes maus tratos por parte da polícia sul-africana. Eles não gostam dos Moçambicanos - eis o resumo das intervenções.
Adenda 3 às 00:54 de 11/03/2013: este acontecimento trágico é propício não só ao sensacionalismo baixo-preço de certa imprensa, das redes sociais e dos blogues do copia/cola, como, também - estudem as televisões locais -, aos jogos políticos em geral e a certos jogos eleitoralistas em particular.
Adenda 4 às 00:51 de 22/03/2013: um trabalho no Sowetan (obrigado ao FL pelo envio da referência), com o título abaixo:

2 comentários:

Salvador Langa disse...

Se calhar voltamos a 2008 nesta perseguição xenófoba.

nachingweya disse...

"What is a house without food?" [HRW] Eis a questão.
Os sul-africanos que beneficiaram do programa 'one million houses' vendem eles próprios e individualmente as casas para poderem comer e continuar vivos. Quem compra? Os estrangeiros que em resultado de possuirem um emprego, mantêm algum poder de compra. Quando já em grupo analisam o bairro concluem que quase todo ele foi tomado por estrangeiros o que motiva uma necessidade gregária de recuperação dos imóveis.
É uma questão de tempo até que os donos das casa nos reassentamentos de Cateme as comecem,eles também, a vender. Porque uma casa só é casa quando pode ser alimentada, sustentada.
What is a house without food?