8. As artérias da Laurentina preta. Escrevi no número anterior que o anúncio aqui em causa mostrou de forma clara o corpo ondulante-vertigem de uma mulher reforçado por duas poderosas unidades significantes do discurso de marketing: preta e sexy. Poderosas por quê?
Porque, para certo imaginário deste planeta - essencialmente patriarcal -, o corpo negro é, ainda, a suposta antecâmara dos prazeres sexuais primordiais, da sexualidade pura, é ainda a suposta corporeidade armazenando sexo integral, quadro que vai para além da fecundidade e da maternidade ancestral. Só por si, para esse imaginário androcêntrico, a cor negra é, já, sexual, é super sexuada. O anúncio é excepcionalmente bem construído nesse sentido, fazendo passar através de um envelope imagético aparentemente sóbrio a promessa de uma realidade sexualizada.
Prossigo mais tarde.
(continua)
1 comentário:
No alvo.
Enviar um comentário