14 julho 2011

A proibição das saias curtas em Lichinga (2)

O segundo número desta série.
A primeira ideia que gostaria de defender é que não é o corpo do homem que é considerado sexualmente perigoso, mas o corpo da mulher. Trata-se de um puro exercício de dominação masculina.
A segunda ideia que gostaria de defender - corrigindo um pouco a primeira - é que não são apenas os homens quem questiona a perigosidade da sexualidade feminina, mas as mulheres de um certo tipo e de uma certa idade. A dominação não é apenas masculina.
A terceira ideia que gostaria de defender é que o perigo não tem a ver com o corpo, mas com a sexualidade que simbolicamente entendemos lá  existir ou colocar. Tal como a mercadoria é suposta ter trabalho armazenado, o corpo feminino é suposto ter sexualidade armazenada.
A quarta ideia que gostaria de defender é que o princípio à retaguarda do permanente controlo do corpo feminino tem uma matriz política.
Finalmente: pode acontecer que outras ideias surjam.
(continua)

11 comentários:

Salvador Langa disse...

Ora aqui está um tema cinco estrelas. Muitas vezes a gente vê não o que vê mas o que pensa que vê. Barriga à mostra só pode ser barriga de prostituta - não é assim que pensamos? Mas seria interessante ouvir o que dizem as mulheres.

Xiluva/SARA disse...

Nós as mulheres somos sempre umas mazinhas não é? Oiçam as conversas dos homens sobre nós...

Anónimo disse...

Professor, ja ouviu falar da marcha das putas? Surgiu porque no Canada um policia afirmou que as mulheres eram violadas porque andavam de mini-saias. Em resposta as mulheres manifestaram-se e foram para a rua reclamando o direito de se vestirem como quisessem sem serem violadas. E vestiram-se de putas.

A marcha das putas e' realizada anualmente em varios paises. Que tal, as nossas mulheres, que tanto lutam justamente pelos seus direitos, organizarem uma marcha de putas no nosso pais?

Viva a mini-saia (para quem nao tem varizes, e' claro)

Psicologo da Macaneta

Anónimo disse...

Dr. Serra o homem sempre terá um "start" para imaginação. De saias curtas o homem sempre vai quer saber o que vai alem das pernas a vista, de saias cumpridas sempre vai querer saber do que vai alem dos pés a vista. Resumidamente haverá sempre imaginação…..

Kimmanuel

Anónimo disse...

Tanto quanto julgo saber, não se trata da marcha das prostitutas, mas sim das SAFADONAS /Desavergonhadas, como forma de solidariedade entre mulheres. Filosofias de vida!

Bem, estranho os moralistas anti mini-saia e barriguinhas ao léu; em regra, para o homem, quanto menos roupa melhor!

Daí que as mulheres que pensam dever vestir-se bem para agradar ao homem, estarem profundamente equivocadas!

Abdul Karim disse...

"Contradição (?)" engraçada,

Saia curta provoca violacoes, e a "marcha das putas" 'e porque todas querem se vestir assim," como as "putas",

Sera essa da saia curta um " fundamentalismo da saia" contrario ou igual ao " fundamentalismo da Burca " ?

No Islam, a mulher deve vestir e apresentar-se o mais discretamente possível, para nao suscitar a "imaginação, por forma que nao de start" - (anónimo acima) , e evoluindo com esse principio do Islam, entao a Burca nao esta tao errada, e ainda que no caso de Moçambique, ela pode entrar na "categoria de exagero", entao o Habito das freiras poderia ser instituído.

O caso particular de Moçambique, a Unicef, e ainda mais outras instituições internacionais , tem com insistência referido a prostituição infantil, gravidez indesejada, assedio sexual e abuso sexual, violacoes e muitos outros "males",

E parece-me uma contradição engraçada, geradora dum meio termo no que se refere ao modo de vestir,

Ai provavelmente eu teria que fechar as lojas todas, e procurar outro business ( ja estamos a caminho, de mudar o bussiness mesmo, claro que por outras razoes, hehehe ), já estariam todas mulheres com habito, uma vez que tarefa que perece definitivamente impossível, 'e controlar a sexualidade masculina moçambicana,

Essa sexualidade masculina moçambicana 'e de tal forma impossível de se controlar, que tem originado "deficiências sociais" ao ponto de instituições mundiais estarem preocupadas,

Hehehe,

E 'e ai que acho a "contradição (?)" mesmo engraçada,

Hehehe,

Anónimo disse...

Os que são contrários ao uso da Burca, fazem-no com o argumento de que tapa o ROSTO, impedindo até a identificação de quem as usa.

Nada tem a ver com a Mini-saia ou top, de barriguinha ou seios ao léu.

O que se precisa é bom senso, equilibrio.

Abdul Karim disse...

E nesse caso, de "bom-senso"... ?

Seria "bom-senso" as minhas jeans femininas, ja que eu nao vendo mini-saia,...? ou o "bom-senso" seria o habito das freiras, ja que o Burca "pode" ser demais porque tapa o ROSTO... ?

Por outro lado, seriam as minhas jeans "moralistas" e as jeans "thuna babies", um tanto quanto "exageradinhas" ?

Hehehe,

Por outro lado, a "incontrolabelidade" da sexualidade masculina mocambicana, estaria associada ao "macho ego" do mocambicano chefao, ou associada ao indiscriminado, abusivo e estimulado consumo do alchol ?

Seriam estas, "contradicoes (?) sociais ou sociologicas" ?.

Hehehe.

nachingweya disse...

Proibir o que não se pode controlar é, seguindo Nietzshe, 'DEITAR SAL AO MAL', i.e., perder tempo.
A nossa moda é ditada pelos fardos de calamidade que nos chegam de acordo com determinantes do mercado de que Lichinga é satélite de terciária ordem.Ou seja, inconsequente.
A prostituição já há seculos se afirmou profissão que se exerce recomendavelmente sem mais roupa que o perservativo.
Também nesta actividade o trabalho infantil é interdito e a maneira de o Estado fiscalizar essa interdição é propiciar às crianças actividades próprias da sua idade: educação.
Não é o embrulho que determina o conteudo. A nudez, uma das caras da pobreza, revela um direito social descurado e não um desvio de comportamento do individuo.

ricardo disse...

A Bhurka e uma tradicao Pashtun importada para Mocambique pelos mullahs que hoje em dia pululam nas mesquitas de Mocambique...

Ha vinte anos atras ninguem sabia o que era um Bhurka em Mocambique.

Devemos ser assertivos nas nossas analogias e na nossa alienacao cultural. Ha limites que sao toleraveis. Outros nao. Eu gostaria de saber o que diriam os que se indignam contra a proibicao da Bhurka na Escola, se porventura homens comecassem a la ir tambem equipados a "rigor" como o Tuaregues?!

Pensem nisso...

Anónimo disse...

E se os homens fizessem greve e usassem burka para apoiar as mulheres?

Façamos uma manifestação assim: Um dia de burka para os homens em protesto contra a burka das mulheres!

agora essa ideia da fiscalização da saia curta... nem para rir dá... Dá pena ver os dirigentes que temos!

Um abraço,

Um homem