07 setembro 2010

Por ocasião do Dia da Vitória hoje

Hoje é o Dia da Vitória. Quando da tomada de posse do governo de transição, em 1974, o então presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Samora Moisés Machel, fez um discurso do qual recordo as seguintes passagens:
“(...) Queremos chamar atenção ainda sobre um aspecto fundamental: a necessidade de os dirigentes viverem de acordo com a política da Frelimo, a exigência de no seu comportamento representarem os sacrifícios consentidos pelas massas. O poder, as facilidades que rodeiam os governantes podem corromper o homem mais firme. Por isso queremos que vivam modestamente com o povo, não façam da tarefa recebida um privilégio e um meio de acumular bens ou distribuir favores. A corrupção material, moral e ideológica, o suborno, a busca do conforto, as cunhas, o nepotismo, isto é, os favores na base de amizade, e em particular dar preferência nos empregos aos seus familiares, amigos ou a gente da sua região fazem parte do sistema de vida que estamos a destruir. O tribalismo, o regionalismo, o racismo, as alianças sem princípios constituem atentados graves contra a nossa linha e dividem as massas. Porque o poder pertence ao povo, quem o exerce é servidor do povo. Quem desviar assim a nossa linha não encontrara qualquer tolerância da nossa parte. Seremos intransigentes nesta questão, como o fomos durante os duros anos de guerra. Não hesitaremos nunca em expor perante as massas as acções cometidas contra elas. Os desvios da linha suscitam as contradições, as brechas por onde penetra o inimigo, o imperialismo e as forças reaccionárias. Para que se mantenha a austeridade necessária a nossa vida de militante e assim se guarde no sentido do povo e dos seus sacrifícios, todos os militantes da Frelimo que receberam tarefas de governação do Estado tal como no passado deve renunciar às preocupações materiais, nomeadamente aos vencimentos. É evidente que por maioria de razão não se pode tolerar que um representante nosso possua meios de produção ou explore o trabalho de outrem. Combatemos durante dez anos sem qualquer preocupação de ordem financeira individual, empenhados apenas em consagrar toda a nossa energia ao serviço do povo. Está é a característica do militante, do quadro, dos dirigentes da Frelimo. Como o fizemos sempre, de acordo com as nossas possibilidades, procuramos assegurar ao militante que cumpra uma tarefa, o mínimo de condições materiais indispensáveis ao seu trabalho, ao seu sustento e da sua família. Mas também não nos devemos esquecer que muitas vezes combatemos e vencemos descalços, esfarrapados e com fome. Sublinhamos ainda que, assim como fizemos guerra sem horário de trabalho, sem dias de descanso, nos devemos empenhar com o mesmo espírito na batalha da reconstrução nacional”.

6 comentários:

V. Dias disse...

"É evidente que por maioria de razão não se pode tolerar que um representante nosso possua meios de produção ou explore o trabalho de outrem."

Sim, antigamente era assim, será que hoje é a mesma coisa??? Pouco se fala de Samora porque os seus discursos incomodam o poder do dia.

Quando Samora morreu tinha eu 6 anos. Ainda o conheci de "raspão". Conheço bem Samora das cassetes do mercado Estrela Vermelha e um pouco através do seu discurso.

Meus dois tios, ora falecidos, trabalharam muito tempo e de perto, com Machel, disseram-me que ele foi um grande homem para Moçambique. Falaram-me de um homem com coragem, altruísta, honesto, rijo em função do seu tempo.

Quem melhor - na minha opinião - carecterizou Samora é o meu amigo escritor Alberto Viegas, autor da obra "O que nos dizem certos animais", numa entrevista à WampulaFax, disse o seguinte:

"Samora foi um líder dotado de personalidade excepcional. Direi mesmo que Samora Machel foi uma dádiva providencial para o processo da nossa Independência. Tal qual um cometa que surge fulgurante e desaparece num ápice, deixando, entretanto, um rasto impressionantemente perece do seu carisma. Samora assumiu-se como o timoneiro ideal para aquele período determinante da nossa história."

ASSINO POR BAIXO.

ricardo disse...

Ha qualquer coisa de podre no reino da Dinamarca (Shakespeare)

Samora remexe-se no tumulo...Mas sera que algum dos seus camaradas se lembra dele? Quem?

Anónimo disse...

http://melomaniako.blogspot.com/2010/09/proposito-do-7-de-setembro.html

umBhalane disse...

"Moçambique precisa de heróis"

Como de pão para a boca.

Anónimo disse...

Na minha opinião pessoal, Samora foi um ditador, tirano, déspota, etc.
Samora Machel não deixou saudades.
Para mim, recordar Samora, nunca, jamais, alguma vez, pois não passa de um pesadelo.
Mário

Anónimo disse...

Eu acho que samora foi um lider que soube transmitir os valores que hoje se encontram perdidos..senao destruidos
Quando ele faleceu, me recordo que tinha 10 anos, mas na altura, havia solidariedade e fraternidade entre as pessoas..

Qual é a moral e ética que existe no seio dos nossos governantes?
acredito que nao sei... o discurso que todos os dias ouvimos de que o governo está a fazer esforcos para combater a pobreza são vazios e carecem de um debate profundo do que o pais precisa para se desenvolver...
E acabar com a pobreza não é apostar em megaprojectos,agronegocio, distribuir o dinheiro para os administradores, só...
é preciso que o governo comece a ser mais realistico ( Os governantes so querem lancar a mao na massa).
Dizia o famoso geografo brasileiro que 'Fome e guerra não obedecem a qualquer lei natural, são criaões humanas " Josué de Castro.
Portanto, acredito que e necessario que se pense que Mocambique se projecta no futuro... e acredito que o caminho que Mocambique esta a seguir levara nos ao estado de natureza que segundo hobbes é um estado de guerra permanente...


hoje estamos vivendo um sistema onde impera o individualismo que e caracteristica do capitalismo.
E o capital tem um preco muito alto... a corupcao e a ganancia... o nepotismo...

E o preco é muuito alto... desigualdades extremas...