Quarto número aqui. Dei conta de uma definição de recursos de poder. A luta por recursos de poder constitui a coluna vertebral da luta partidária. Esta luta é, invariavelmente, a luta entre os já estabelecidos na gestão dos recursos e os candidatos a essa gestão. A este respeito, permitam-me resumir, com adaptações minhas, uma obra de Norbert Elias e John Scotson, citada mais abaixo, como segue: Os estabelecidos (proprietários, "donos da terra", partido no poder, gestores de cargos governamentais, empresários, etc.) tudo farão para continuar a ser detentores de recursos; os candidatos esforçar-se-ão por questionar os direitos adquiridos e/ou desalojar os primeiros. Atacar os direitos adquiridos é considerado pelos primeiros como atacar a ordem estabelecida. Toda a ordem jurídica e judiciária está estruturada para assegurar esses direitos e punir as infracções. Os seus gestores tudo farão para apresentar os seus interesses como interesses de todos, como interesses universais desde sempre existentes, como interesses naturais. Ainda que, estabelecidos os hábitos, tome curso a cegueira das origens (um bocado a "câmara escura" de Marx e Engels), os actores em competição estão sempre aptos a estar conscientes do que fazem e do porque fazem, uns por estarem "estabelecidos", outros por quererem "estabelecer-se". - Elias, Norbert et Scotson, John L., Logiques de l´exclusion, Enquête sociologique ao cœur des problèmes d´une communauté. Paris: Fayard, 1997.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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