A concepção de que existem pensamentos ab initio, próprios de certos grupos, de certas etnias, de certas comunidades, de certos povos, continua, hoje ainda, viva. Porém, não existem pensamentos puros à partida, não existem pensamentos em si, não existem pensamentos mais ou menos pobres geneticamente estabelecidos. Os nossos pensamentos, os pensamentos sociais, os pensamentos colectivamente produzidos, estruturados e reproduzidos, não são diferentes porque à partida uns são mais inteligentes ou capazes do que outros, mas são diferentes porque são diferentes as condições sociais nas quais vivemos. Daí o risco de procurarmos nas diferenças culturais em si - no respeito ou no ódio por um Outro apenas culturalmente encarado - o coração das desigualdades sociais.
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