Nesta cidade de Maputo alguém decide abrir uma parte do passeio de uma rua para fazer não sei o quê com a tubagem interior. Depois leva tempo até que procure repor (o que invariavelmente faz mal) o que abriu. Passado algum tempo aparece novo alguém afanado que parte o cimento mal reposto e procura fazer não sei o quê na tubagem interior. E etc. Esta fome bulímica e esventradora sem fim já atingiu a marginal, onde alguém decidiu abrir em certas áreas parte dos passeios e do eixo central recentemente construídos para procurar, repor ou meter não sei o quê. E assim vamos vivendo nesta cidade de passeios esburacados e recompostos sem paragem - com o desgraçado ar de palimpsestos tortuosos -, cada qual aplicando a lei caciqueira e todos nós normalizando o anormal sem quê nem porquê.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Falta de autoridades locals efectivas.
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