13 janeiro 2016

Biografia

Verdadeiramente as pessoas só surgem unificadas após morrerem. Em vida são como que um compósito de espelhos dotados de ângulos de refracção diferentes. É depois de mortas que é possível encaixá-las num perfil, numa trajectória, num contínuo que se pode manter inalterável face às derivas da história e às bifurcações indesejáveis. É como se a morte permitisse, finalmente, serenar e sedimentar os tumultos da vida. A questão consiste, então, em encontrar o ponto central da biografia, um eixo em torno do qual fazer gravitar as múltiplas facetas da vida de alguém, uma directiva que determina e subjuga a complexidade do caleidoscópio comportamental.

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