Os cientistas sociais são um produto histórico da divisão social de trabalho, herdeiros dos intelectuais clássicos, retirados das funções básicas da produção física imediata. Nasceram da organização universitária especialmente desenvolvida a partir do século XIX. A sua função consiste em pensar o social e em produzir conhecimento organizado segundo regras academicamente estabelecidas. O ideal é o alcance de verdades de alguma maneira empiricamente validáveis e radicalmente distintas do saber revelado do tipo religioso, da dedução racional do tipo filosófico e das diversas formas de saber simbólico. Pouco a pouco, os cientistas constituíram-se em grupos separados por fronteiras disciplinares, mas todos comungando na profissão de um saber afastado do saber comum das comunidades e operando em estabelecimentos especiais. Esse saber especial exercita-se nas salas de aula, nos seminários, nos congressos e nos livros. Mas é necessário passar por ritos iniciáticos. O cientista atinge o patamar da sabedoria universitária formal através do grau de Doutor (o famoso PhD dos cartões de visita). A toga cardinalícia é o selo da ascenção à maturidade. Cumpridos os ritos iniciáticos, percorrida a estrada de Damasco, ascendidos à maturidade institucional graças ao doutoramento, operando em estabelecimentos especiais, os cientistas dão então curso ao saber especial, ao saber afastado do saber comum das comunidades, das pessoas do dia-a-dia.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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