Com um pouco de atenção, nos mais variados contextos, aos mais variados níveis, em modalidades múltiplas, mesmo naqueles campos e actores que aparentam ser desinteressados, apercebemo-nos de como a luta pela preeminência ocupa uma parte significativa da vida social. Com um pouco de atenção, especialmente de atenção aos fenómenos que parecem sem importância, aprendemos quanto a hierarquia é um eixo de combate, de prazer ou de dor em sua medula de ambição e luta sem fim.
A esse respeito é útil lembrar o que escreveu o sociólogo francês Michel Crozier, no seu clássico O fenómeno burocrático: "A análise empírica demonstra que [o jogo da cooperação, ao mesmo tempo de conflito e de cooperação, CS] é dominado por problemas de poder; não o poder no sentido político e mais ou menos mítico do termo, esta entidade que reside no topo e que poderíamos um dia capturar, mas as relações de poder, estas relações que todo o mundo mantém com todo o mundo para saber quem perde, quem ganha, quem conduz, quem influencia, quem depende de quem, quem manipula e até onde o faz." (Paris: Éditions du Seuil, 1963, p. 7, tradução minha, CS).
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