Terceiro número da série. Tentei no número anterior definir messianismo político, como segue: crença na capacidade considerada excepcional de certos indivíduos para resolver problemas sociais de forma imediata e irrreversível. Essa capacidade considerada excepcional faz com que alguém seja encarado como possuindo capacidades demiúrgicas, como capaz de produzir uma parusia, como portador de uma varinha mágica capaz de produzir riqueza e felicidade imediatas. Essa concepção faraónica dos grandes homens é, invariavelmente, prisioneira de um padrão de análise: a das pessoas em si, individualmente consideradas, independentes do sistema ou dos sistemas sociais que produzem e pelos quais são, por sua vez, produzidas e reproduzidas.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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