A estatística nasce nas cidades cheias de operários reivindicando melhores condições de vida. O objectivo último é o de domesticar a ordem social nascente, de controlar a mudança social, de vigiar os operários, de domar as “classes perigosas”, expressão cunhada entre os séculos XVIII e XIX. Casando-se intimamente com a sociologia e com as preocupações das burguesias nacionais europeias, a estatística cumpre o seu papel de parteira científica da ordem pública. Com efeito, especialmente no século XIX, os inquéritos aos “pobres” multiplicam-se. Tudo se pretende saber deles: o que comem, o que bebem (especialmente o que e quanto bebem), o que fazem, como se divertem, quais os seus hábitos sexuais, etc. E o momento nuclear aqui é a estatística criminal. Mais tarde, em 1925, nos Estados Unidos, lá onde a estatística se tornou quase, em certas correntes sociológicas, a sociologia por excelência, Park e Burgess, na sua "Introdução à ciência da sociologia", escreveram: “Todos os problemas sociais são problemas de controlo social”.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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