No caso da televisão, a visibilidade do poder simbólico não está apenas naquilo que se vê e se aceita, mas também - e especialmente - naquilo que não se vê. A discursividade ideológica não carece de dizer que é, basta apenas dizer que não é (isto é, efectivamente, bem visível). Uma parte significativa dos programas televisivos ocupados com recreação de vário tipo é bem mais do que isso, do que recreação: é poder simbólico em bruto, é técnica subtil que anestesia, desvia, evacua os potenciais de crítica, integra socialmente. O poder simbólico é menos decisivo em si do que pela nossa aceitação, satisfeita, complacente, digestiva. Em última instância, somos nós quem, afinal, o exige e reproduz, coisa que políticos e empresários conhecem bem.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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