O que é um herói? Um herói é a conjunção de dois fenómenos: os seus feitos reais ou imaginários e a nossa necessidade de feitos. Frequentemente o peso da nossa necessidade (popular, religiosa ou política) de feitos suplanta os feitos reais ou imaginários do herói e consegue dar-lhes uma dimensão mais marcante, mais sonante ainda, quase divina ou integralmente divina.
Quando queremos reconstituir a unidade psíquico-comportamental de um herói, confrontamo-nos com inúmeros espelhos com ângulos de refracção diferentes. O herói foi, evidentemente, várias coisas na sua vida, mas as nossas necessidades (da gente comum, dos povos em luta, dos historiadores, dos políticos, dos chefes religiosos) podem sobrevalorizar - e frequentemente fazem-no - esta ou aquela característica, característica seleccionada que acaba por eclipsar as outras facetas do herói.
Isso é especialmente marcante na ocorrência da morte. Com efeito, a morte de alguém concorre para a criação ou para a ampliação das características do herói ou da característica central do herói. As representações sociais que as produzem ou a produzem acabam por diluir, por atenuar, por disfarçar e, até, por apagar as facetas normais do homem comum, os seus defeitos, a aspereza do seu comportamento, etc. O herói surge, então, furtado à comezinha trajectória humana na sua qualidade mítica, sobre-humana, definitiva, eterna.
Quando queremos reconstituir a unidade psíquico-comportamental de um herói, confrontamo-nos com inúmeros espelhos com ângulos de refracção diferentes. O herói foi, evidentemente, várias coisas na sua vida, mas as nossas necessidades (da gente comum, dos povos em luta, dos historiadores, dos políticos, dos chefes religiosos) podem sobrevalorizar - e frequentemente fazem-no - esta ou aquela característica, característica seleccionada que acaba por eclipsar as outras facetas do herói.
Isso é especialmente marcante na ocorrência da morte. Com efeito, a morte de alguém concorre para a criação ou para a ampliação das características do herói ou da característica central do herói. As representações sociais que as produzem ou a produzem acabam por diluir, por atenuar, por disfarçar e, até, por apagar as facetas normais do homem comum, os seus defeitos, a aspereza do seu comportamento, etc. O herói surge, então, furtado à comezinha trajectória humana na sua qualidade mítica, sobre-humana, definitiva, eterna.
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