20 setembro 2015

A encruzilhada da Frelimo e de Nyusi: entre dominação e direcção [15]

Quanto mais os gestores de um Estado investirem nos aparelhos repressivos e na repressão, mais alta será a composição orgânica da política e menor a taxa de lucro político, quer dizer, menor a legitimidade.
Décimo quinto número da série. Sempre com hipóteses, termino o terceiro ponto sugerido aqui, a saber: 3. Universidades e busca de ascensão social. Tal como antigos combatentes da luta de libertação nacional costumam afirmar que não fizeram a luta para serem pobres - dessa maneira legitimando a posse de riqueza -, as pessoas com cursos superiores, à cabeça das quais se encontram os mestres e os doutores formados no país e no estrangeiro, poderão igualmente dizer que não estudaram para serem pobres. Na verdade, nada mostra que essas pessoas ou que muitas dessas pessoas estejam dispostas aos sacrifícios da era samoriana ou a serem líderes de forças proletárias com a intenção de alterarem o actual modo de produção e distribuição de riqueza. É nesse contexto que, por hipótese, recordando um pouco Charles Wright Mills, as pessoas formadas aspiram a fazer parte das elites do poder, nas esferas política, económica e militar, substituindo as velhas elites da luta de libertação e os seus círculos parental-clientelistas. Essas pessoas constituem uma força de pressão poderosa, directa e indirecta, na luta política. No próximo número iniciarei o ponto intitulado Desafios políticos do heteropensamento.
Nota: como tem sido meu hábito neste diário desde 2006, a qualquer momento posso modificar partes da série.

Sem comentários: