Continua sem haver qualquer posição oficial sobre a (s) (causa (s) das mortes de dezenas de pessoas ocorridas em Janeiro deste ano em Chitima, distrito de Cabora Bassa, província de Tete, tragédia que levou o Estado a decretar luto nacional de três dias, mas tragédia, também, que levou à crença e ao boato de que as mortes foram provocadas pelo consumo de bílis de crocodilo (no academia.edu aqui e neste diário aqui).
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
A nossa capacidade de lidar com tragédias é extraordinária. No dia em que morriam tantas pessoas em Chitima tomava posse o quarto presidente da república e nestas ocasiões há também festa esteja a morrer quem estiver, é do protocolo do Estado, explicam os entendidos. E houve banquete... Banquete de Estado! Seguido de três dias de luto. Mas para mim e para outros povos é questão de atitude, dignidade e sensibilidade. Que, teimo em afirmar, seria outra a atitude se as mortes de Chitima tivessem ocorrido depois do consumo de mal coado aqui nas barracas do Museu.
Agora mesmo que lamento esta tragédia que ficou solteira com muitos órfãos, há relatos de confrontos militares nas terras (não matas, por favor) de Chiandame em Tete e cadáveres abandonados a alimentarem precocemente o sacrossanto húmus do solo pátrio.
De tragédia sabemos nós e não são tragédias que noa apressam o passo para a prevenção das coisas ou a sua remediação.
Enviar um comentário