O poder gosta de se mostrar, é visceralmente cénico. Por isso achamos que há poder, obra e movimento quando o poder está permanentemente no tablado expondo o que faz, ritualizando o que faz, manipulando signos, produzindo espectáculo em permanência, oferecendo ao povo sensorial e ansioso o teatro da sua auto-representação, das promessas e das obras. Quando não faz isso, quando é demasiado sóbrio, quando trabalha na sombra, provoca descontentamento, desânimo, dúvida, tristeza, pânico. Habituámo-nos tanto ao poder-espectáculo que nos sentimos profundamente defraudados com o vazio representacional. Daí o veredicto, aqui e acolá: este poder não tem poder. No fundo, para usarmos uma linguagem de ressonância freudiana, é como se quiséssemos dizer: precisamos de poder e ruído, símbolo e emoção, impressionem-nos, sejai o nosso pai.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Admitindo que as coisas sociais não são estáticas, tenho para mim a ideia de que é possível conduzir o nosso "chapa-Estado", sem a necessidade de o motorista abandonar o lugar de "chófer"... Evidentemente que é preciso buscar o automóvel (portanto, uma busca constante) com condições para circular na perspectiva do destino que se pretende. Ou seja, o chapa pode, por hipótese, fazer o curso anjo voador - Liberdade, e vice-versa, todos os dias, e das 4 horas da manhã até as tantas da noite... mas o mesmo chapa, nas mesmas condicões pode não aguentar um curso de apenas 8 horas de duração, por exemplo, de Maputo à Maxixe.
É preciso uma reflexão crítica sobre a nossa governação e desafiarmo-nos a transformar o conhecimento num instrumento indispensável na resolução dos nossos problemas como nação.
Mais não disse!
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