O "O País" digital de hoje tem um trabalho intitulado "Por que já não há médicos como antigamente?" A pergunta é, só por si, todo um excelente protocolo de pesquisa, pesquisa que podia começar pela própria pergunta e pelo advérbio de modo, pesquisa em profundidade que valeria a pena fazer.
Adenda às 15:41: permito-me recordar a postagem intitulada Médicos: ao mesmo tempo bernardianos e vanhamussoro, aqui.
Adenda às 15:41: permito-me recordar a postagem intitulada Médicos: ao mesmo tempo bernardianos e vanhamussoro, aqui.
12 comentários:
Sem dúvida que dava, seria interessante ouvir os médicos sobre a relação entre atendimento a correr nos espaços públicos e clínicas privadas, que tal?
Queria dizer "hospitais públicos".
Dependendo do significado de "antigamente" eu perguntaria oque é hoje há como antigamente?
Estou a preparar um sobrinha minha para os exames da 12a Classe e me questionou como é que tendo feito 12a a mais de 10 anos ainda me lembro e bem equações exponenciais, logarítmicas e etc...?
Já nada se faz como antigamente! Ai que saudade do passado! E medo do futuro!
Apesar de minha pouca idade, visto que antigamente é um tempo muito longe, tenho algumas teorias e não uma resposta. Minhas teorias são expressas em condicionantes brasileiras, visto que vivo por cá; assim sendo a primeira análise se estabelece no sentido de muitos médicos de hoje não estarem preparados de forma acadêmica para exercerem a profissão, no mesmo contexto fica a falta de atualização técnica por motivos variados; falta de interesse, por se acomodarem em serviços públicos em cidades do interior e assim vai; ainda no contexto fica o caso da especialização do profissional – “antigamente” o médico era generalista. Outra análise se dá no momento em que se faz uma relação mercantil entre médico e paciente; partindo do princípio da procura e da oferta. Um médico hoje além das vinte horas prestadas ou serviço público a um valor por hora aproximado de U$ 20,00, tem que trabalhar em outros cantos, digo, no mercado particular de saúde, onde complementa sua renda. Até aí tudo bem! O imperativo é que os médicos muitas vezes esquecem que tem um contrato de vinte horas com o estado, deixando assim as mazelas da saúde pública cada vez mais acentuadas. Não distante desta última análise está o corporativismo da classe médica que atrapalha, por muito, a condicionante “publica”. Para finalizar, gostaria de relatar uma lembrança de um passado não muito longínquo, onde na minha cidade (interior do Rio de Janeiro) haviam dois médicos de família( generalistas) que além de atender clinicamente o povo, almoçavam na casa de um, jantavam em outra casa e assim acabavam conhecendo profundamente cada paciente, e com certeza tinham uma relação mas intimista e humana com os pacientes.
A última análise, mas não menos importante e sequer irreal, é a relação entre saúde pública e política. Neste caso observamos que a saúde virou “moeda de troca” na relação político-eleitoral; para isso tem-se, em via de regra, o sucateamento da saúde em todos os aspectos: hospitais caindo aos pedaços, equipamentos quebrados e condições de trabalho extremas; não deixando assim espaço para um bom trabalho médico .( vende-se dificuldades para colher votos) Com tudo isso, está ultima análise nos leva a crer que o médico é o vilão em uma situação não imposta por ele. Assim fico.
E o juramento de...Hipócrates?
Oh cara Xiluva, e o juramento? Da tomada de posse..." juro dedicar todoas as minhas energias para cumprir e fazer cumprir a CRM e blá blá blá...
Será também por isso que os moçambicanos procuram as clínicas da África do Sul?
Agora me lembrei do "barulho" que os brazileiro estão a fazer em torno do facto de Lula procurar fora do Brazil o tratamento para o seu cancro de laringe. Acham os brazileiros que seja incoerência pura que ao longo dos 8 anos Lula tenha cantado que o sistema de saúde pública estava perfeito e agora tenha que recorrer a uma clinica siro-libanesa. Aqui dentro onde se diz que o ensino é de boa qualidade nenhum dos que assim diz deixa o filho estuda cá, manda os filhos para fora e se não houver dinheiro próprio, até falcatruas inventam para pôr os filhos a estudar fora(quem não se lembra do caso Munguambe?)
Só clínicas da rsa? Não tambem do Zimbabwe, do Malawi e por aí fora.
Amigos, quando corpo é negócio sempre há aquele antigamente do médico atencioso que ia a casa.
A história dos dois médicos de família contada pelo Felippe diz muito. A esse propósito permito-me recordar este texto meu:
http://oficinadesociologia.blogspot.com/2011/10/medicos-ao-mesmo-tempo-bernardianos-e.html
Que venha dai esse inquerito, sr. Professor, quer que lhe lance as provocacoes?!
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