Prossigo a série, abordando mais alguns pontos, mas lamentando sempre não poder estar no terreno observando e ouvindo.
Renamo e MDM. Escrevi no penúltimo número que em Quelimane a Renamo parece apoiar o MDM. Mas isso não pode ser tomado como dado absoluto. Há dias, na Beira, o delegado político da Renamo acusou o MDM de fazer transportar em três camiões cidadãos da Beira para votarem em Quelimane. Este é um indicador da rivalidade entre partidos da oposição. Quando os partidos da oposição estão minados pelas rivalidades e pela busca de recursos de poder, os partidos no poder podem viver e reinar tranquilamente na economia de esforços, no riso gozão e, aqui e acolá, podem, até, premiar os bem-comportados.
Cerimónias de propiciação. Os seres humanos sem dúvida que fazem a sua história, mas não nas condições por eles escolhidas. Eleições podem ter características universais, mas pagam tributo aos costumes locais. Assim, por regra nos países africanos, as cerimónias de propiciação são normais nos preparativos dos candidatos eleitorais. Propiciar os espíritos, os deuses, a boa sorte. Em Quelimane ambos os candidatos fizeram isso no clássico "mucutho". Infelizmente os jornalistas não exploram estes momentos, talvez os considerem banais.
No próximo número falar-vos-ei das alcunhas.
(continua)
Adenda 1: abordo múltiplos aspectos da engenharia eleitoral no seguinte livro: Serra, Carlos (dir), Eleitorado incapturável, Eleições municipais de 1998 em Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche. Maputo: Livraria Universitária, 1999, 354 pp., confira especialmente pp. 43-243.
3 comentários:
Será que o MDM conseguirá fazer uma ponte entre Beira e Quelimane?
Só comparar riqueza caravana das maçarocas com as outras.
Rivalidade irá continuar quando chegarmos às legislativas e presidenciais.
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