"Senhor Presidente: a nossa terra já exportou escravos, ouro, marfim, madeira, tanta coisa! Como sabe, escrevi nos manuais de História de Moçambique, nos anos 80, como tudo isso se passou. Agora, Presidente, parece que estamos a regressar aos séculos da pilhagem. As nossas florestas estão a ser delapidadas. E floresta, Presidente, é raíz, floresta é o conjunto das nossas raízes, desta terra amada, mas desta terra cada vez mais desmatada. Presidente: corremos o risco de perdermos as raízes. (Carta minha ao presidente da República datada de Janeiro de 2007)
Recorde aqui. Clique com o lado esquerdo do rato na imagem acima para a ampliar.
Adenda às 19:02: Sobre a Zambézia, sugiro leiam um trabalho intitulado "Líderes coniventes no saque da madeira", da autoria de Estacio Valoi, inicialmente divulgado este mês no número 0 do "Diário da Zambézia" (versão em papel, pp. 1-2, informação de uma fonte do jornal) e depois reproduzido no blogue do autor aqui.
Adenda 2 às 19:44: ainda sobre o saque da madeira na Zambézia, leia um trabalho do jornalista Raul Senda do semanário "Savana" intitulado "Ninguém quer ficar atrás" e publicado na edição de 08/07/2011, aqui.
Adenda 3 às 9:39 de 18/07/2011: no "O País" digital, aqui.
7 comentários:
Só vir a Cabo Delgado ver como é (se deixarem(.
Professor, vale a pena ler uma recente postagem sobre a Green Timber, em
http://valoie.blogspot.com/2011/07/lideres-coniventes-no-saque-da-madeira.html
CARVÃO X MADEIRAS
Os Megaprojectos do Carvão, com todos os factores preocupantes que tem sido discutidos e devem ser ponderados, são os responsáveis pelo fortalecimento do Metical nos últimos 10 meses.
Ainda não exportaram um dólar de carvão, mas já fizeram entrar no país muitas centenas de milhar de USD, não longe dos mil milhões, para pagamento de taxas e suporte dos custos internos com reassentamento de populações, edificação das infra-estruturas e "plantas" para extracção.
E muitos mais milhões de dolares vão entrar antes de sair a primeira tonelada (+/- 200 USD) de carvão.
Com o TAKE-AWAY Chinês (link abaixo), na Madeira, é o que se vê, só sacar:
http://www.open.ac.uk/technology/mozambique/pics/d72157.pdf
Realmente toda esta história de saque de madeira causa raiva e revolta. Não dá para imaginar quantos milhares de contentores já passaram ao longo dos anos, sob o cúmplice olhar impávido e sereno das autoridades. Infelizmente Moçambique esta a revelar-se num tristemente célebre paraíso para todo o tipo de actividades ilegais, onde quem devia zelar pelos nossos recursos faz justamente o oposto. Não é só madeira, também pedras preciosas, camarão no alto mar, tráfico de pessoas e drogas…. É todo um sistema podre, onde já provavelmente atingimos um ponto de não-retorno e caminhamos a passos galáxicos para o precipício.
“O homem só entendera que o dinheiro não se come quando desaparecer o último peixe do planeta”
Em condições normais, o Director do Porto de Nacala e Director de Alfândegas ... estariam de malas feitas!
A duas semanas o Ministro da Agricultura de forma emocionante expulsa o entao chefe dos SPFFB da Zambezia da sala de reunioes onde estavam cerca de 150 pessoas entre operadores, funcionarios e sociedade civil num acto populista e acima de tudo ilegal alegadamente porque este funcionario faz parte do "sindicato do crime organizado". Acho que existem procedimentos a luz do estatuto do funcionario de estado para lidar com casos destes. Ao invez disso o Ministro quis mostrar trabalho humilhando o funcionario recordando os tempos da ditadura. Mais do que isso pareceu que quer encobrir os verdadeiros membros do sindicato do crime sobejamente conhecidos alguns deles, como foi denunciado no referido encontro tem varias areas de corte em varias provincias fingindo serem concessionarios. Nao quero dizer que os funcionarios nao estejam envolvidos em actos ilicitos mas convenhamos dai fazerem parte do sindicato do crime.... estes funcionarios quando querem trabalhar de acordo com a lei recebem chamadas de pessoas que dirigem este pais. O que e que se espera do funcionario? para mim ha duas alternativas: ou abandona o barco (com riscos de represalias e isolamento completo) ou estao "facilita" os chefes e come migalhas.
No sector de madeiras e acredito que em outros a corrupcao tem que se combater apartir de cima e nao sacrificando pilha galinhas. Os pilha galinhas desaparecerao acim que os tubaroes forem combatidos. Nao acredito que o chefe dos SPFFB, das alfandegas de Nacala, do Director do Porto sejam os que tenham engendrado todo este malabarismo dos 600 contentores. Nao duvido que tenham "comido' ou que tenham "cumprido" ordens superiores e dai terem incorrido em ilegalidades puniveis mas tambem nao ha duvidas para ninguem que 600 contentores e obra de gente grauda.
A directiva ambientalista 'cada líder uma floresta' parece um risível eco extraterreste quando todo o sistema falha na perservação da floresta que já temos.
É o país em processo de exportação em 'toros' por via da sua Madeira, carvão, pedras preciosas, gás, etc., porque a nossa fome é imperialista e, como todas as fomes, imediatista.
Afinal de que se fazem as nossas reluzentes 4x4, os nossos hélios, o nosso conforto/(progresso)? Destes calhaus que compraremos em forma de aço 'Made in lá'
Continuamos Tchaka trocando ouro por missangas, espelhos e Gin, muito Gin...
É este o ilusionista viagra do nosso Metical.
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