12 julho 2011

Efeito Munguambe e o susto de Zucula

Em 2008, o então ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, anunciou uma série de medidas para evitar o encarecimento das tarifas nos transportes colectivos após a revolta popular de Fevereiro.
Este ano, o sucessor de Munguambe, Paulo Zucula, suspendeu o Conselho de Administração da Empresa Transportes Públicos de Moçambique, por ter anunciado a subida da tarifa dos transportes. O ministro Zucula disse que "houve usurpação de competências de quem tem de tomar decisões."
Comentário: não é apenas uma questão de o Conselho de Administração dos TPM se ter esquecido de que não pode tomar decisões sem o aval ministerial (cristalino, Zucula lembrou o clássico sintagma do poder), é especialmente o susto retroactivo que Zucula deve ter apanhado ao pensar que um novo sismo social em Maputo poderia custar-lhe o cargo. Afinal de contas, a preocupação revela que, sem se manifestar, o povo manifesta-se.

4 comentários:

Foquiço disse...

Em algum momento tenho para comigo mesmo reparado, ainda que de longe, que a burocracia (o elemento-chave para o sucesso do Estado weberiano) desconhece ou negligencia certas razões da existência do Estado... e, para além de ser corrupta, tem acobertado o político-empresário (sangue-suga, corrupto de primeira ordem)... não obstante, há dois pontos que levam a isso:
1. Salários baixos, muito aquém da realidade; e
2. O Estado-empresa vis-a-vis o político-empreendedor.

Zucula está de parabéns, não por ter demitido o C.A. dos TPM mas porque a tarifa em vigor permanecerá até então...

Salvador Langa disse...

facilmente se vê o cuidado posto em evitar a subida dos preços dos transportes.

Tomás Queface disse...

O Governo tenta a todo custo evitar qualquer tipo de manifestação, numa altura em que nos encontramos nas vésperas dos Jogos Africanos.

ricardo disse...

Eis mais um exemplo de um Estado verdadeiramente no...informal!